DIÁRIO DE AULA CLÍNICA II (ESPECIAL): Psicoterapia com Adolescentes

A psicoterapia por ser um período tumultuado e de muitas mudanças significativas (mudanças corporais e transformações em sua sexualidade, mudanças psicológicas, mudanças sociais) é por isso considerado uma fase de CRISE NORMATIVA, que envolve, como já dissemos, uma crise de identidade (http://www.scielo.br/pdf/epsic/v8n1/17240.pdf).

Pelo acima exposto, é, portanto, pode ser indicado ao jovem um acompanhamento psicoterápico que o auxilie a lidar com essa passagem desenvolvimental e com as elaborações de luto pertinente a essa etapa da vida (luto pela perda do corpo infantil, luto pela perda dos pais idealizados da infância, luto pela perda do status de ser criança). Sim, a adolescência requer a elaboração de muitas perdas e construção de uma nova identidade (não se é mais criança).

Todavia, há de se considerar que o termo ADOLESCÊNCIA embarca várias fases, entre elas a pré-adolescência (10/12 anos aproximadamente), adolescência inicial (12/14 anos aproximadamente), adolescência propriamente dita (14/16 anos aproximadamente), adolescência final (17/21 anos aproximadamente) e até adolescência tardia (21/24 anos aproximadamente).

Evidentemente que na adolescência inicial (puberdade) a principal preocupação do jovem está mais relacionado ao seu corpo e sua sexualidade em transformação; enquanto que na adolescência propriamente (embora o corpo continue sendo um espaço psicológico de atenção) as PAIXÕES predominam. Já na adolescência em sua etapa final, outro fator vem a se agrupar ao anteriores que é a preocupação OCUPACIONAL, isto é, seu futuro no mundo dos adultos e no campo das profissões e do trabalho.

Observem também que dependendo da fase da adolescência que o jovem se encontre isso muito determinar o setting terapêutico e o manjo clínico. ´Quanto mais jovem o adolescente for mais próximo ele se encontra da infância. Do mesmo modo quanto mais próximo do adulto ele for, mais se encontra distante da infância. Neste sentido, ao se lidar com adolescentes iniciais, o setting e o manejo se assemelharão do setting psicoterápico infantil. Isso significa envolver a participação de jogos, livros, e brincadeiras pertinentes à faixa etária, Se com a criança o brincar servia como mediador psicoterápico entre o terapeuta e a criança, com o adolescente púbere o jogo igualmente tem tal função.

Por outro lado, quanto menos imaturidade houver o adolescente, mais o setting e o manejo se assemelham ao setting do adulto.

A psicoterapia com adolescentes tem suas particularidades, por isso SUGIRO a leitura do textos a seguir:

http://pepsic.bvsalud.org/pdf/revpsico/v12n2/a08.pdf

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-98932011000300011

http://cienciasecognicao.org/neuroemdebate/?p=2962

https://www.sinopsyseditora.com.br/upload/produtos_pdf/284.pdf

Aguardo questionamentos e debates....