terça-feira, 31 de dezembro de 2013

E A VIDA CONTINUA...






Desejamos a todos leitores e colaboradores do blog um feliz começo do resto de nossas vidas. Deixemos de lado as prosaicas promessas de final de ano para colocar em prática e ações todas nossas potencialidades. Lembremos de Aristóteles que dizia que as coisas ou podem estar em potência ou estar em ato. É como a semente de uma árvore (potência) que germinada se transforma em árvore (ato). Que a nossa capacidade e potência em se transformar se transforme e se realize. Com esforço, sacrifício, renúncia, dedicação, empenho, determinação, devotamento e, principalmente, com congruência e fidelidade aos nossos sonhos e finalidades. Carpe Diem, mas também confiemos em nossos amanhãs que são plantados no hoje nosso de cada dia.
Literalmente, a vida continua...

domingo, 29 de dezembro de 2013

O Olhar Secreto de Hórus


Andei lendo e relendo Jorge Luiz Borges e vários de seus contos me chamam atenção por diversas razões. O que mais me interessou nessas releituras, está na sua forma de narrar - e o que muito me encanta na literatura de ficção em geral - , o diálogo imaginário que o escritor  estabelece com seus personagens, que na verdade são representações de sua própria pessoa é maravilhoso.  É impossível fugirmos da autobiografia intrínseca ao texto de ficção. Uma vez vi um filme, que não me recordo o nome em que o escritor-personagem confessava ao filho que  sua ficção tentava contar histórias verdadeiras se utilizando de invenções imaginárias. Borges conseguiu encontrar  literária e literalmente com vários Borges personagens, alguns, inclusive, com seu nome e sobrenome, fragmentações só possíveis na estética da literatura fantástica, como por exemplo, encontrar consigo próprio em outro país e/ou em outro tempo. Refiro-me aos contos 25 de agosto de 1983 e O Outro.  Obviamente, o escritor ao se utilizar desses recursos, tenta trazer à tona suas questões existenciais, de maneira que provoque algum sentimento  naquele que lê, leitor que conhece superficialmente a vida do autor ou, até mesmo, que não tem a menor ideia de como viveu. Esse foco dos conflitos subjetivos do qual Freud insistiu nos textos que discorreu sobre a  sublimação, foi, por assim  dizer, muito explorado e interrogado; Freud se impressionava com a arte de fazer da subjetividade do autor a catarse do leitor. Entretanto, afirmava que esse misterioso desencadear de sentimentos era privilégio do artista
.
Esse é o caso de um autor  turco praticamente desconhecido no ocidente, mesmo sendo da turquia de dominação francesa,  chamado  Secrèr Damor -  Li seu texto ainda adolescente numa coletânea de "melhores contos da literatura mundial contemporânea" (não sei se era esse realmente o título)  no final dos anos 70.  Confesso que, na tentativa de colher mais informações ou imagens para esse blogue, pus no Google seu nome, da maneira como imaginei que fosse escrito, e a únicas palavras que ocorreram ao corretor foram: você não quis dizer ‘Amor Secreto’.  Não quis: estava, em verdade, a procura de um autor que pelo visto era secreto à maioria das pessoas.

O conto seguia a lógica fantástica de Borges: era a história de um autor teatral, o próprio Damor, que tentava procurar uma atriz para interpretar uma personagem que muito estimava, fruto de recente criação. Isso não era uma tarefa fácil, a personagem na cabeça do autor era tão perfeita, tão nítida na sua imaginação, que achava improvável encontrar qualquer mulher que pudesse representá-la. Se não me engano a personagem chamava-se Emme, ou seja mais francesa que turca, enfim, uma mulher de outro continente, uma mulher do outro mundo.

O conto continuou: … até que um dia na frente de um dos teatros mais conhecidos de Istambul, no centro cultural Attatürk, o autor se depara com a própria  personagem. Esse encontro apesar de idealizado nunca foi, obviamente, esperado, era algo da dimensão do impossível, e nessa viabilidade fantástica gerou-se diversos desdobramentos. O autor pôde constatar que o que procurava era uma atriz que jamais encontraria, pois sequer sabia da personagem. A personagem tinha nuances que só mesmo um encontro fantástico poderia se conhecimento. Era mais bela, maís altiva, mas determinada, enfim, estava bem longe do seu criador.

Sabe-se que na Turquia o teatro de sombras e o de marionetes são conhecidos mundialmente e a metáfora que o autor quis deixar nas entrelinhas é de que sua personagem na verdade era uma mulher de verdade, uma mulher como jamais tinha visto antes, enfim, uma mulher sem os cordéis das marionetes. No  mesmo encontro o autor sentiu um grande incômodo dominá-lo de maneira involuntária. Era sua timidez, sentimento que havia ressuscitado da infância e que muito desapontou. E, desse modo, o encontro foi mais breve do que teria imaginado se tivesse menos tenso por essa timidez. Esse comportamento fez com que deixasse escapar alguns questionamentos. Um deles: que fazia aquela mulher na frente do conhecido teatro? - um teatro tão familiar aos turcos como o (teatro) Valdemar de Oliveira aos pernambucanos. A única pergunta que pode ser feita veio a cabeça veio de forma circunstancial e ingênua:

- E a peça? como vai a peça?
- Sabia que você ia perguntar isso! - respondeu desapontada
.
A magia do texto de Damor era justamente o impasse que havia entre a mulher fruto da imaginação teatral e a mulher de verdade. A Emme desse conto de Damor estava no lugar privilegiado, na intercessão entre ela e sua representação: estava na porta do teatro,  era mulher de carne e osso,  e por essa razão, mais bela e apaixonante - a que tinha construído na imaginação estava muito sob seu controle, era mais personagem e menos mulher - mulher apenas no desejo do homem. Por fim, o personagem,  alter ego de Damor,  volta para casa sozinho, mas ainda no momento da despedida a mulher saudou-lhe erguendo uma das mãos que revelou na palma uma tatuagem com olho de Hórus.   Essa cena trouxe-lhe sentimentos antagônicos, sua timidez parecia ceder mesmo com aquele olhar incisivo da palma da mão.

No caminho de casa tentava classificar  os erros   na construção da personagem,  mas o seu pensar perturbava-se com a experiência do pequeno encontro. Distante da cena percebeu que não só a timidez o havia paralisado. A beleza, a voz, e a meiguice de Emme estavam lá, bem a sua frente, emudecendo-o. Haveria outras coisas que poderiam ser atribuídas ao seu silêncio? Haveria sim, certamente, mas essas verdades seriam deixadas para o próximo encontro.

* * *

Nesse belo texto e em muitos outros pude observar quão polifônico é o texto literário, o quanto ele tenta nos dizer, sob diversas formas as nuances de uma experiencia metafórica ou real, subjetiva ou coletiva; ou ainda, o quanto nos faz perguntar - algumas perguntas, irrespondíveis.
Marcos Creder   

sábado, 28 de dezembro de 2013

SUGESTÃO DE FÉRIAS





Quando forem fazer nossas autópsias com certeza encontrarão em Marcos Creder livros. Ele é um leitor compulsivo e escritor idem. Já quanto a mim encontrarão, além de cinzas de cigarro, filmes. Sou interiormente constituído de imagens. Minha alma é fílmica. Por esta razão deixo para o amigo Marcos fazer algumas sugestões de livros e autores. Falarei de cinema.
Fala-se muito atualmente em filmes cults. Parece que se é cult quem assiste filme cult. Diferente de expressões como "cinema alternativo", "cinema independente", "filme de arte", o filme cult é aquele que gera uma legião de seguidores, torna-se um clássico. Na maioria das vezes uma obra cinematográfica vira cult após sua "vida útil", quer dizer: após já não se estar mais em evidência e fora do circuito de exibição. Neste sentido qualquer obra, artística ou não, pode se transformar em cult. Exemplo maior é Guerra nas Estrelas, que tem um batalhão de fãs ávidos que cultuam a franquia como se fosse religião. Alguns beiram ao fanatismo e não se importam de serem ridículos ou não aos olhos dos fariseus. 
Porém quero me ater ao cult a partir de seu verdadeiro significado, isto é, em inglês o termo se traduz como culto. Longe de querer definir uma pessoa culta, entendo que se é culto aquele com boa cultura e bem informado. Não necessita ser especialista, mas compreender e/ou entender de algo além do óbvio e das superficialidade das aparências. O escritor, prêmio Nobel de Literatura, Hermann Hess, dizia que "o homem culto é apenas mais culto, nem sempre é mais inteligente que o homem simples". Ou ainda o poeta chinês Lao-Tsé para quem "o homem realmente culto não se envergonha de fazer perguntas também aos menos instruídos". É parece que de verdade não é fácil ser cult.
Voltemos a temática do cinema. Diversos filmes hoje cult à época de sua exibição não alcançaram tamanha notoriedade, fama e sucesso. Exemplo: Blade Runner, de Ridley Scott. Embora seja uma produção do início dos anos 80, Blade Runner, inicialmente foi um fracasso de bilheteria, mas com o passar dos anos foi sendo cada vez mais admirado a ponto de para algumas pessoas ser atualmente considerado um dos melhores filmes já feito. 
Bem um filme cult, um clássico, é algo que resiste o passar do tempo e vai sendo como que mais "degustado" com os anos. É como se necessitássemos do distanciamento para poder apreciar mais suas qualidades artísticas, inovadoras, estéticas, estilo e ousadia. Decididamente um cult para ser cult tem que ser um daqueles filmes nada convencionais, que vão além do feijão-com-arroz da mesmicidade imperante. 
Killer Joe - Matador de AluguelDeixemos de lado as delongas e vamos logo a nossa sugestão de hoje. Pra mim foi uma surpresa. Nada sabia dele e nem tinha ouvido falar. Quem baixou pra mim foi meu genro pela internet (ah, essa modernidade tecnológica). É um filme até recente, lançado no mercado americano em meados de 2011, porém já nasceu cult. Estou falando de Killer Joe (Matador de Aluguel). Dirigido por um dos diretores ícones do anos 60/70, William Friedkin (Operação França, O Exorcista) o filme é um tijolaço em estômagos sensíveis. Só pra início de conversa o filme começa com um jovem chegando ao trailer onde mora e é recebido por sua madrasta que seminua expõe à cara do expectador a sua vagina cabeluda. A partir daí a história se desenrola em um desfile de sordidez e sadismo  crescentes que culmina com a espetacular cena final (de cerca de 30 minutos) claustrofobicamente filmada dentro da pequena sala do trailer com movimentação inquieta de câmara em giros de 360 graus. Uma aula de bom cinema, apesar dos excesso de violência, sangue e obscenidade. Chega a gerar incômodos e repugnâncias. 
Sim, é um filme brutal, forte e agressivo, muito agressivo. Um thriller criminal estilo trash, com certa pitada de humor negro chocante. A purgação ignóbil dos últimos tensos minutos do filme é espetacular, embora, repito, seja de alta voltagem perversa. Talvez por isso mesmo, ou seja, uma longa cena de mais pura crueldade que facilita a catarse de nossas próprias perversidades ocultas. Decididamente um filme que não é pra todo mundo. Cult é cult.
Baseado na peça teatral homônima do dramaturgo americano Tracy Letts (ganhador do Prêmio Pulitzer) cuja obra já foi denominada de "comédia da crueldade", mescla cenas e diálogos estilos Quentin Taratino (Cães de Aluguel e Pulp Fiction) e Irmãos Coen (Fargo). Um texto despudorado e agudamente noir, com excelentes interpretações dos atores em cima de personagens densamente complexos e amorais. Um brechar sobre a vida loser e outside do interior "matuto" e caipira dos EUA. Todavia basta acompanhar o programa televisivo de Cardinot pra perceber nossas semelhanças com os irmãos do norte. Um outro lado da vida que sugiro assistir, com as ressalvas acima já ditas. Cuidado pra não vomitar...
Abaixo uma pequena amostra grátis:



Joaquim Cesário de Mello

sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

VALE A PENA VER DE NOVO



DA PRECARIEDADE DA VIDA E OUTRAS FINITUDES







Somos minúsculos frente ao curso da vida. Temos hábito de dizer que a vida passa, mas a vida, por já existir antes de nós e depois de nós, ela não passa para o indivíduo, é o indivíduo que passa por ela. A finitude nos acompanha desde o nascimento. Nascer, por si mesmo, já representa um morrer. Quando um feto é expelido ou retirado do útero morre-se no parto um estilo de vida (uterino) e um mundo (aquático); nasce-se uma nova maneira de se viver (extrauterina) diante de um mundo até então novo e diferente (aéreo). Vai-se respirar através dos pulmões pela primeira vez, vai-se sentir fome, calor e frio, vai-se começar a ver a luz pela primeira vez, vai-se chorar e o mundo nunca mais será como antes.
 Perdemos inicialmente o útero, após o seio e o colo. No caminhar da existência muitas outras perdas ocorrerão, desde a perda da infância, do corpo infantil e dos pais idealizados. Sequencialmente perde-se a adolescência, a juventude e a vitalidade. Perde-se objetos, lugares, momentos, pessoas, funções e assim se vai, ou melhor, assim vamos pela vida afora. Até que chega o instante derradeiro em que se perde a própria vida e, finalmente, se morre. Literal e vivencialmente é como diz o poeta:isto o que ganhei: essas perdas. Isto o que ficou: esse tesouro de ausências”.
A memória é o eixo central na exiguidade de nossas existências, afinal somos hoje quem somos graças a todas as nossas perdas e a capacidade humana de se ver e se recordar como uma continuidade de vida. É como disse o também poeta pernambucano Manuel Bandeira: com o tempo o coração da gente vai se transformando num cemitério”. Eu mesmo, certa vez, escrevi em uma crônica (O Homem à Margem da Cidade, in Cronistas de Pernambuco, Editora Carpem Diem/2010) caminhava agora pelas ruas com a inabalável certeza de que chegaria, afinal chegar era o prazer de depois partir. Pisava sem pressa o chão das calçadas e os asfaltos da cidade que era sua. Nela nasceu, cresceu e haverá um dia em que nela se enterraria. Quando por baixo dela viver, outros a pisarão com o mesmo cuidado com que pisa sua infância, seu passado, sua história... Os pés do adulto que o corpo leva trilham as pegadas do menino insone e traído”.
 Embora saibamos que tudo nos esvai como fumaça, tudo passa na voraz fugacidade do tempo, sonhamos ilusória e inutilmente com a permanência. Mas eis que vem, inexorável e sempre implacável, a transitoriedade ligeira do existir e nos deixa pasmos e nostálgicos como Manuel Bandeira em sua Evocação do Recife:a casa de meu avô.../Nunca pensei que ele acabasse!/Tudo lá parecia impregnado de eternidade”. Somos todos, sem exceção, passageiros de uma vida que existida é somente passageira.
Quanto mais se vive mais aumentam as lápides do cemitério do coração. Vamos aos poucos, dia após dias, convivendo mais com os mortos do que com os vivos. E se ainda assim, sobrevivermos aos nossos vivos, eles nos restarão como lembranças a compor o mosaico da memória. Em sua velhice o filósofo político italiano, Norberto Bobbio, escreveu quesomos o que lembramos”. Eu diria, complementando, que nossa alma é feita de sonhos, lembranças, ideias, desejos, sentimentos e perdas. Não há um ser humano qualquer que já não tenha passado por suas perdas. E ainda continuará passando.
O psiquiatra e psicanalista alemão Erik Erikson foi um dos estudiosos da psicologia do desenvolvimento que mais contribuiu sobre o tema. Não se estuda Psicologia sem conhecer Erikson e é dele o destaque para as “oito idades do homem”. O crescimento psicológico se faz integrado com o ambiente social e cada etapa ou estágio nos prepara para os enfretamentos dos conflitos adaptativos inerentes à vida. O crescer é feito de perdas. Necessitamos elaborar satisfatoriamente nossas perdas para que o viver não nos pese de maneira depressiva. Necessitamos melhor lidar com as mudanças, as transições, as tristezas e seguir a vida. O luto nos acompanha seja por perdas reais, seja pela gradação de papéis (tais como: de solteiro para casado, paternidade, aposentadoria, etc.), seja pelo próprio envelhecer. O luto, como processo elaborativo das perdas, tem papel fundamental na vida humana.
A vida humana, a vida de um indivíduo humano, é um instante. Um instante espremido entre duas escuridões, como refere o escritor russo Nabakov:a nossa existência é um curto-circuito entre duas eternidades de escuridão”. Do breu uterino ao breu do túmulo. Este é o nosso percurso e caminho.
   Freud também nos deu sua contribuição no belíssimo texto Sobre a Transitoriedade (1915), quando relata um passeio com um amigo por um jardim. O amigo manifesta o desagrado e o incômodo com a finitude humana e Freud a partir desta conversa especula sobre “a exigência humana de eternidade”. Ensina-nos ele, no refletir sobre a caducidade do que chamamos belo, que é exatamente porque as coisas são transitórias que a amamos. Então passa a discorrer sobre o tempo que passa e o tempo que permanece, sendo este último não somente o tempo da memória e das lembranças, mas o tempo que só é tempo no tempo depois, isto é, o tempo do inconsciente. No conjunto inteiro de sua portentosa obra Freud distingue a consciência da inconsciência, e ao invés de que um leitor apressado sobre o tema possa pensar (o passado como um causador do presente) o que passa torna-se assim e então uma realidade psíquica, visto que o inconsciente é psiquicamente o lugar onde os tempos se amalgamizam.
   Sêneca (4 a.c.? – 65 D.c) é outro que dedicou parte de sua vida a se debruçar sobre o que ele chamou de “brevidade da vida”. Em cartas dirigidas ao personagem Paulino o filósofo pondera com sabedoria sobre a natureza finita da vida humana e a nossa relação com o rápido transcurso temporal da existência. A forma como utilizamos a fluidez do tempo que nos cabe é que a transforma em lamento ou fortuna. Escreve ele: Não temos exatamente uma vida curta, mas desperdiçamos uma grande parte dela. A vida se bem empregada, é suficientemente longa e nos foi dada com muita generosidade para a realização de importantes tarefas. Ao contrário, se desperdiçada no luxo e na indiferença, se nenhuma obra é concretizada, por fim, se não se respeita nenhum valor, não realizamos aquilo que deveríamos realizar, sentimos que ela realmente se esvai”. Para Sêneca a vida pode até ser breve, mas o que a prolonga é a arte do seu uso.
  Ou como também nos ensina o mestre budista japônico-americano Gyomay Kubuseo -  mesmo velho Carpe Diem latino - : “quando o sol brilha, desfrute-o; quando a chuva cai, desfrute-a. Todas as coisas nesta vida – deixa que venham e deixe que se vão”. Tá, já sei o que está pensando meu porventura avulso leitor, que é fácil falar ou escrever, porém praticar e sentir são outros tantos. É vero. E aqui reside a nossa grande busca: viver a vida como um artista e fazer de cada instante o instante. Dessa forma, evitando me alongar demais, pois a vida tá passado e eu tenho uma cervejinha gelada me esperando e uma mulher a ser beijada, transformo a partir de agora este texto em passado com os versos do poeta pernambucano Carlos Pena Filho: “... lembra-te que afinal te resta a vida/com tudo que é insolvente e provisório/e de que ainda tens uma saída:/entrar no acaso e amar o transitório(grifos nossos).


(originariamente publicado em 26/08/2012)
Joaquim Cesário de Mello