quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

ESPAÇO DO COLABORADOR






Fico aqui parada. Olhar fixo. Só a respiração movimenta meu corpo e denuncia que estou viva.

O pensamento vagueia em torno de um mesmo tema, qualquer tema, não importa.


O que importa é a vontade de não se fazer notar, de nem mesmo pensar, desejar, respirar.

A vida dura muito tempo. Quem sabe assim ela passe mais rápido. Dormir me ajuda. Finjo que morri e portanto não há o que ser pensado ou sentido.
Passo horas assim, já passei dias, mas não consigo mais, tudo é silêncio, nada importa, não há dor, não há nada.



Porém passa. É só uma fuga para a dor. Vontade de arrancar meu próprio coração e encará-lo, com ódio e aos poucos ir apertando as mãos, esmagando aquele órgão maldito que me faz viver. Sentir seu sangue escorrer pelos meus dedos enquanto meu próprio corpo vai perdendo as forças.


Quando nada mais pulsar, quando nenhuma gota de sangue restar, eu e ele cairemos no chão. Meu corpo contorcido, com meu coração firmemente esmagado entre meus dedos que seria impossível tirá-lo de minhas mãos e no meu rosto um sorriso indefinível.

Alice Lima

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