quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

DIÁRIO DE AULA: O EXPIAR DOS DIAS









Como já disse Shakespeare "toda despedida é dor... tão doce todavia, que eu diria boa noite até que amanhecesse o dia". 
Pois é, boa noite turma do sétimo período da FAFIRE, aliás ex-sétimo período. As aulas terminaram. O semestre também e o ano mais uma vez encerra em breve seu ciclo para recomeçar outro. Como sabemos: a vida continua...
Foram 72 horas ao longo de quatro meses. Um convívio rápido, porém desde já levemente saudoso. Particularmente gostei da horizontalidade de nossas horas juntos. Os minutos não são iguais, mas somam. Fizemos um somatório de encruzilhadas onde cruzamos passageiramente nossas vidas. Agora vou pra cá e vocês vão pra lá. Porém a terra é redonda e os caminhos são curvos. E como em um poema de Fernando Pessoa "trago em mim todos os sonhos do mundo". 
Contudo, não aprecio despedidas. Talvez porque não pude me despedir da minha infância e dos meus queridos. Talvez porque cada dia me despeço da vida. Talvez... Mas é hora de partir. Aceno discretamente lenços invisíveis. Evito demonstrar em público minhas lamúrias. Finjo silêncios, escondo-me por detrás dos meus tímidos acenos.
Valeu turma do sétimo período. Valeu pessoal. Nosso dia-a-dia virou agora história. Um cantinho em minha tão recheada memória. Quando, e se, encontrarmo-nos não seremos mais os mesmos. estaremos um pouco mais tristes e alegres, mais realizados ou frustrados, mais serenos ou mais inquietos, mais amados, mais abandonados, mais feridos, mais curados. Mas uma coisa seremos menos, pois haveremos de crescer e crescendo diminuímos frente a imensidão do universo. 
Queria a eternidade do instante e o congelamentos dos afetos prazerosos. Mas quis Deus que a eternidade fosse móvel na infinitude das imagens ficantes. É no amanhã que não nos pertence onde reside a relevância do nosso possível reencontrar. Ausentamo-nos das segundas e sextas deixando-as livres no desaparecimento de mim, assim como vocês me deixam com um nostálgico sabor de derretimento na alma. Líquidos nos afastamos na esperança do surgir de um arco-íris a interligar os rios de nossas vidas.
Boa noite sétimo período. Foi bom conhecê-los. Quem sabe no futuro nos cumprimentemos com renovados bons-dias. Até breve...

Joaquim Cesário de Mello

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