terça-feira, 10 de dezembro de 2013

ESPAÇO DO COLABORADOR




Não quero nada. Desisti de tudo. Do amor, da dor, de viver. Não sou gente, não amo nem sou amada. Não tenho amigos, nem tão pouco inimigos, não valho o esforço da ofensa. Sou nada, sou escuridão. Sou vazio.


Importa a vida? Não importa, pois nada desejo e nada quero. Ninguém me liga para saber como estou. Só me procuram para passar receitas. Só dou porque nada tenho a oferecer.

Sou chata, sou feia, sou nada. Não sei ser feliz e, portanto, não posso fazer o outro feliz. Não espere nada de mim, apenas que eu seja uma sanguessuga de sua alegria, de seu espírito, de seu desejo.

Pode perceber, eu aceito teus desejos, aceito teus pedidos, sigo teus quereres porque não tenho os meus próprios.

Sou fantasma. Assombro tua vida e me alimento de você. Mas quando a fome passa te esqueço. Me torturo, quero mais mas não sei o que. Porque só quem sabe é você.

Não sei viver. Não suporto frustração e o que é a vida senão frustração? Choro, penso, penso repetidamente em qualquer coisa e em nada. Desisto, sigo. Levanto, olho para o nada, nada quero, mas o nada me incomoda. Sou resto de gente que vaga sem rumo. Vaga por falta de opção. Sou dessas pessoas que nunca chegará a felicidade porque foge dela e não sabe reconhece-la. Vagueio entre os que vivem, lamentando não saber viver. Algo tão fácil para uns, tão difícil para mim. Meu castigo é viver.

Alice Lima
Psicóloga e psicoterapeuta

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