quinta-feira, 1 de agosto de 2013

ESPAÇO DO COLABORADOR

Atores: O Preço da Entrada
(a pretexto de um filme - A Sociedade dos Poetas Mortos 






Eles vão ao cinema ( muita gente vai ).

Eles fazem fila, ainda mais agora que aquele filme tinha boa cotação no Oscar.

Diante da cena , na tela, emocionam-se, torcem e se identificam com os personagens daquele tradicional colégio .

Choca-lhes o autoritarismo .

Da poltrona, revoltam-se contra a inércia ali mostrada . E aplaudem o que é, ou deveria ser essencialmente humano: O tempo inútil da poesia, a emoção, a libertação intrinsecamente subversiva. 
 
Independentemente do tempo que se passou em suas vidas, mais antigos ou mais jovens, voltam pra casa, satisfeitos, aliviados pelo exercício de criação, algo assim como... mediante a torcida... a assistência, a plateia também tivesse a participação, a solidariedade, a ação . 

Voltam pra casa talvez até um pouco pensativos e filosofantes, ou dão mais uma esticada na churrascaria, no bar da moda, no motel.

Programados, regrados, comedidos, sensatos, mesmo nos instantes de descontração e trocas outras - a "liberdade com responsabilidade", a "ordem e o progresso", também aqui se encaixam como sínteses pra justificar o conformismo e os empobrecimentos dos nossos pequenos gestos de cada dia . 
      
 Os trajes e trejeitos, os regulamentos, as rotinas, desde as tradições seculares que normatizam relações pessoais, o corpo e o coração ( às vezes - ou quase sempre ?... - prostituindo sentimentos e desejos), ao modismo pseudo-contestador do brinco do "louco", ou da calcinha na bunda empinadinha da gata: Esse culto à aparência, à forma e à farsa, ao objeto, cujo consumo tão disputado traz também o risco da própria objetificação. 

E ‘dê-lhe’ justificativas - ou tentativas de... - pra que a harmonia, e a segurança, e o realismo, sirvam de capa à covardia, e ao medo, e à morte, num lugar onde os poetas, os contestadores, os sonhadores, são aceitos, são benvindos, sim:

Mas na vitrine, na tela, no romance.

Ou num pequeno espaço que se lhes conceda como que para compor uma imagem de liberalidade, de tolerância, de bom-tom.

Naquela forma de exceção que  confirma e  reforça a  regra no nosso cotidiano.

_Humberto_Cavalcanti

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