quarta-feira, 26 de setembro de 2012


vazio
Maicon José de Jesus Vijarva
 ( Psicologia, UNILAGO)

A primeira aparição da solidão do ser humano ocorre ao nascer, quando lhe cortam o cordão umbilical, o ser humano, gregário por definição, inicia uma nova fase de sua vida, porém, fisicamente sozinho, e assim acompanha sua jornada até a morte, - cujo silêncio absoluto quem sabe caracterize o maior período de solidão.
Há alguns anos, as relações humanas vêm sofrendo mudanças significativas, nas quais algumas delas estão submersas ao significado da vida, e tudo que conspira para sua existência.  É intrigante, mas é possível ouvir o tom trêmulo nas vozes humanas, e sentir que por algum pretexto a humanidade está perdendo o desejo pela vida, e facilmente consentindo com a decadência do mundo externo e, por conseguinte deixando o significado da vida escapar.
A tecnologia, por sua vez foi conquistando seu espaço, modificando as relações comportamentais e afetivas. Revolucionou o conceito de liberdade de expressão, tanto se faz verdade que, hoje não é impossível pensar, ou viver o universo sem tecnologia, sem satélites. Teleconferências, Mensagens de celular, e-mails, e-books e sites de relacionamentos, como as famosas “redes sociais”, oferecendo uma interação em tempo real, criando uma Era de “laços de afetividade virtual”, tornando-se ferramentas indispensáveis na rotina da maior parte da população mundial. Todo avanço da tecnologia trouxe benefícios, hoje é possível conversar com familiares, amigos e contatos profissionais de toda parte do mundo, detalhe, em tempo real.
A inclusão digital alcançou todos os lugares, até mesmo as tribos indígenas. No entanto, não podemos deixar de notar que a tecnologia avançou muito então pouco tempo, e que toda essa frenética realidade nos dá a sensação de nunca estarmos sozinhos, no âmbito da solidão. Entretanto, esta é uma percepção fantasmagórica. Séria um estereótipo, caso mencionasse a tecnologia como grande percussora do individualismo, ela não foi à percussora, porém, facilitadora.
Nos detalhes do cotidiano, em um movimento sútil colateral, encontramos pessoas cada vez mais solitárias, depressivas e isoladas. Incrível? Não, porque vivemos nesta realidade, mas não queremos enxergá-la com medo da dor, que de uma forma ou de outra acabamos sentindo. O vazio da solidão tem tomado um rumo assustador, tornando-se uma das maiores queixas do mundo moderno. Hoje em dia, é comum ouvirmos as pessoas queixarem-se do vazio, da solidão, mesmo estando rodeadas de uma multidão de pessoas.  
Contudo, estar consigo mesmo de vez em quanto, ou seja, o vazio, a solidão, é importante e até mesmo necessário na vida do ser humano, para que ele possa conhecer a si mesmo, pensar e refletir sobre seus atos, sonhos e no significado da sua vida.
O que se constata é que as pessoas não querem parar para tranquilizar a alma – descansar –, não querem designar um tempo exclusivo para refletir, pensar sobre seus medos, solidão ou vazio. Pensar-se a si mesmo. É comum olhar na modernidade e ver que, os humanos habituaram-se a viver em constante movimento, inventando sucessivas atividades, unicamente para não terem tempo para pensar, refletir sobre elas e o que está em sua volta; e, assim, não correr o risco de ter que lidar com os problemas.
É notório que temos medo de olha para dentro de nós, e observar que nos acomodamos, criamos ninhos e não desejamos mais sair da zona de conforto, sabemos bem que devemos crescer e amadurecer. Mas sair da zona de conforto sem se machucar, é muito difícil, impossível, tudo isso nos mantém amarrados, acorrentados no passado, nas lembranças, nas pessoas e no pessimismo.
Como sair da zona de conforto? É difícil, não podemos simplesmente criticar esse ato, talvez esse seja o pilar que sustenta o edifício inteiro de alguns humanos, só conseguimos sair dessa zona, quando encontrarmos segurança em nós mesmos e, desta forma enfrentar nossos medos e conquistar nosso espaço na sociedade, não como um ser humano respeitado, mas como um herói que conseguiu compreender que a vida acontece dentro e fora de nós, por isso é preciso compreender nossos sentimentos e sermos humildes com nós mesmos, com nossos sonhos e com o próximo.
Em nosso dia a dia, frequentemente vamos nos envolver com os sentimentos de vazio, de solidão, e precisamos estar preparados, caso contrário o vazio pode se tornar um inimigo e posteriormente ser um sentimento insuportável na jornada da vida. Portanto, olhe com amor para si mesmo, analise cada traço, mudança e lute para ser uma pessoa melhor para si mesmo, só assim poderemos transformar o mundo, buscando aceitar, amadurecer e transcender os conflitos que existem dentro de nós.



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