sexta-feira, 21 de junho de 2013

VALE A PENA VER DE NOVO


PAPO DE VÉIO

SERÁ UMA VEZ...

(Marcos): E aí meu chapa, firme na paçoca?

(Joaquim):  Tudo magiclick, tinindo. Mas que cara é essa? Tás boroxoxo?

(Marcos): Podes crer. Tô meio jururu, mas tô mais mesmo é estrompado.

(Joaquim): Carambola! E aí bicho que houve? Tu não tava na casa do teu neto?

(Marcos): Pois é. Tenho um babado pra te contar.

(Joaquim): adoro uma tricotagem.

(Marcos) Meu neto decidiu fazer um assustado ontem à noite, e pintou toda a patota  dele.

(Joaquim): Então foi batuta.

(Marcos):  Era pra ser, mas deu o maior sarrilho.

(Joaquim): Pombas, o que houve?

(Marcos): Deixa eu te contar: foi chegando uns brotos e uns tremendões...

(Joaquim): Ôpa, ficastes Mandrake foi?

(Marcos): que é isso?, tu me conhece, sou barra limpa e sou pra frente. Sei reconhecer um pão. Num baitolei não. Pega leve.

(Joaquim): Fica grilado não, tô zoando.

(Marcos): Tá, mas deixa eu contar. A casa virou um mundaréu de gente. Tinha de tudo. Tinha gente transada, quadrada, boa pinta, tetéia,  baranga, muita gente pá virada, tinha tudo pra ser uma festa supimpa, um estouro. A comida, por exemplo, tava daki ó! Pense num rega-bofe duka. O pessoal mesmo tava fazendo a xepa. O mulherio todo  pintada, e além do mais  tinha umas gangeririnas e uns birinaites legais. Tava tudo nos trincs.

(Joaquim): Pô bicho, o que aconteceu então. Não tava tudo tric tric?

(Marcos): Teiquirise, baixa a bola que eu vou abrir o jogo.

(Joaquim): É que eu num tô entendendo bulhufas.

(Marcos): Sussega o facho que eu te conto. Continuando: botaram a bolacha e ligaram a vitrola e começou o iê-iê-iê.  Eu estava só o pó, pois passei o dia arrumando os cacaréus. Fiquei por ali meio que jiboiando e urubuservando. Pra mim o forrobodó tava du perú e ia estourar a boca do balão. O pessoal tava naquele maior ziriguidum. Tava maneiro paca. Eu fiquei ali tipo Geraldino e até tava de olho num xuxu que nem me dava bola. Pense num violão. A mina era um colosso.

(Joaquim): Tava paquerando né?

(Marcos) ôxente, Joaquim, tu queria o que? Que eu ficasse peruando as baiacus de praia? Tava ali pronto pra fazer um fiu-fiu pra ela.

(Joaquim): Tu é fogo na roupa, Marcos. Porém no final é necas de pitibiriba.

(Marcos): Vai tomar no recu pedrobó, baixa a bola e deixa eu contar. A coisa até aí tava jóia, mas de repente chegou um carango cantando pneu. Desceu um cara com jeito de ser cheio do tutu e se achando o gás da coca, o tampa de crusch. Já chegou pra lá de marrakesk, todo cheio de rebolado, metido a balocobaco. Cá pensei com meus botões: esse cara vai querer botar a ripa na chulipa. Chegou logo perto de um cara meio mocorongo, meio bocomoco, que tava batendo um plá com uma garota papo firme. Ela era de parar o comércio. O cara parecia embeiçado nela, mas era uma múmia paralítica. Sacou?

(Joaquim): saquei. No meu tempo sempre tinha uns xelelentos assim que se acham o rei da cocada preta, mas na verdade é um uó do borogodó. Já imagino que deu o maior bode.
(Marcos): E apois. O cara se aproximou da tetéia que era uma belezura e chamou ela pra dançar. Ela recusou. Ele insistiu, ela recusou novamente. O cara que era um chato de galocha não tomou simancol e continuou forçando a barra e se dizendo o maior pé de valsa, tentando fazer a cabeça dela. Aí a mina, irritada, disse “comigo não violão”, que num dançaria com ele nem que a vaca tossisse e mandou ele pra tonga da milonga do cabuletê.

(Joaquim): Pombas! Pelas barbas do profeta! E aí?

(Marcos): Imagina o buruçu. O cara era um verdadeiro pangaré e tava mamado paca. O goiaba do amigo da cocota, que parecia meio bocó, comprou as dores e também mandou o cara catar coquinho.
(Joaquim): Pô que brocoió. Era pro cara ter dado uma de perdido.
(Marcos): Pois é, mas foi o contrário. Eu pensei na hora: “ferrô”. O boyzinho metido a bacana perdeu a linha e deu logo um pipoco nas fuças do abilolado. Eu me fingi de planta e comecei sair na maciota. O negócio fedeu de imediato. Tinha um brother do agredido que pirou na batatinha e partiu pra cima. O cara era um galalau, um verdadeiro brucutu. Meteu-lhe uma burduada. Aí o assustado deu um tilt e foi aquela fuzarca, o maior arranca rabo. Supapo pra todo lado. A festa virou uma surubamba. Ninguém mais se ouvia naquela zumba de gritos e zunzuns. Tava o maior escarcéu.
(Joaquim): Putz grila. É o fim da picada. E tu que normalmente é um borra botas o que foi que tu fez?

(Marcos): eu azulei, né véio. Me piquei pro migué e me tranquei lá.

(Joaquim): Pô meu, perdesse a treta cabulosa.

(Marcos): o danado é ter ficado lá trancado com duas bruacas que eram um bagulho só. Antes fosse aquele avião que tava de olho.
(Joaquim): Ficastes com o Juvenal em riba?
(Marcos); caraio, meu! Vê onde fui amarrar meu bode. Num é que aí a quenga da mocréia de uma delas soltou uma bufa que fedia mais que gambá.
(Joaquim): Caramba, e aê meu rei?
 (Marcos) Ficou uma inhaca da bexiga lixa. Me apoquentei e queria subir pelas paredes. Num dava pra picar a mula, pois lá fora o pau tava comendo solto. Ficamos todos ali trancados com aquela catinga da desgraça. Era pior que bater em mãe em porta da igreja. Ainda bem que logo ouvimos a sirene da rádio-patrulha. Abrimos a porta e vimos os meganhas prendendo o bebum que gerou toda aquele pega pra capar.
(Joaquim):Bem, foi uma aventura boa pra dedéu.
(Marcos): Qualé? Tá pensando que berimbau é gaita é? Aquilo foi um verdadeiro deus nos acuda. Morou?.

“Olha a janta!”, gritou como quem ordena a enfermeira. Ambos e o os demais se encaminharam aos seus habituais lugares e silenciosamente saborearam seus pratos de papa. Após os costumeiros boa-noites, todos se recolheram em passos vagarosos aos seus quartos. E tanto Marcos quanto Joaquim ficaram sonhando com balangadãs e brotos de quase um século atrás.

(originariamente publicado em 23/10/2012)

3 comentários:

Unknown disse...

AMEI!!! Gargalhei muito!

rotina criativa disse...

Gostaria de esquecer a imagem que veio à minha cabeça quando li esta parte: (Joaquim): Tu é fogo na roupa, Marcos. Porém no final é necas de pitibiriba.

Ai ai, adorei, ri e num entendi metade, admito. E agora sempre que ver vocês juntos no pátio vou ficar pensando no que diabos estão falando e com que linguagem antiga e esquecida pelos séculos. :)

Patricia Stephany disse...

Putz grila!!!! Adorei o texto. Eu falava quase todas essas "gírias"! Ai ai!! Quantas lembranças!!! Ri pacas com o texto. Fechou de badoque a minha noite!!!