quarta-feira, 10 de outubro de 2012

VARIAÇÕES EM TORNO DE UM MESMO TEMA



Tirando a roupa da família nuclear: papéis e funções intrafamiliares

Ao ler o que é a família, afinal? Osório nos dá uma explicação bem simples do que seria um papel familiar, chegando a igualá-lo a função como mesmo intuito, neste caso apenas representando uma etiqueta demarcatória utilizada por demais autores, porém, o sentido de desnudar ou retirar-lhe as roupas, expõe muito mais que simples papéis ou funções, pois de certo ao menos poderia nos remeter a algo que chocasse ou que mesmo não tivesse pudores, no caso aqui não na moral, mas sim no que é exposto de forma clara sem mistérios.
É notável ao falar de família, que papeis e funções de uma família tradicional ou no tocante da família nuclear (Pai, Mãe, Filhos) mesmo no senso comum ficaria fácil identificá-los mesmo em pormenores detalhamentos, e muito ainda seria o que se tem como ideal de família, onde esses elementos ficam bem definidos e representados em sua contribuição social necessária a perpetuação da humanidade.
Desta forma o choque seria em dizer que essa família que provém os cuidados básicos dentre outras atividades, pode em seu processo variar ou mesmo confundir esses papéis, onde se prender a antigos paradigmas nos faria perder tempo em apenas rotulá-los, desta forma, devendo-nos ater aos resultados gerados destas novas configurações familiares para melhor entendê-las.
Com a coexistência de muitas configurações e modos de funcionamento familiar, em nossos dias, e mesmo que destas formações atuais possam em muito se afastar do modelo clássico, não cabe a psicologia dizer qual o modo ou modelo ideal de funcionamento, e sim verificar os fenômenos que advém destas para uma melhor atuação em quaisquer problemas oriundos destas pessoas.
Ao expor essa família, podemos ver inversões de papéis, onde o homem fica em casa cuidando dos rebentos enquanto a mulher se lança profissionalmente, deste modo, provendo a família nas questões financeiras, enquanto podemos ver também, um número crescente de mães solteiras que provêem a casa e ainda promovem o cuidado da prole, entre outras configurações possíveis.
Importante resaltar que a função psicossocial da família segundo Osório, nutre não apenas o corpo, mas a psique, pois sem o afeto parental “o ser humano não desabrocha” Osório, onde ele fala também da pesquisa de Splitz e sua contribuição para a psicologia.
Por fim, é de se esperar que a família seja o local ideal para a primeira educação, segurança e socialização da criança, é nela que nos constituímos como seres individuais, com personalidades e desejos próprios, e nela nos reconhecemos como parte de um grupo, deste modo revelando nossa identidade nestas relações primeiras, e será a referência de como operar no mundo. Vendo assim, é muito importante que possamos acompanhar seus engenhos e revoluções em prol de melhores interações possíveis.
(Luciano Frota*)


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Família é, do ponto de vista prático, facilmente identificável por qualquer indivíduo ao qual seja solicitada uma experiência à respeito. Do ponto de vista teórico-metodológico, porém, família parece ser um dos mais difíceis conceitos a serem desenvolvidos. Primeiramente, porque família não se trata de um conceito único, variando desde a ciência que queira tomar certa propriedade desse conjunto até a cultura da qual desejamos extrair informações a respeito de família. Secundariamente, porque a experiência individual da qual seria qualitativamente necessária para que pudéssemos reunir informações afim de criar um conceito seria tão diversa, que provavelmente nos perderíamos nos primeiros relatos.
Do ponto de vista funcional, podemos, no entanto, especificar alguma das funções ideais que a família deve desenvolver, afim de encaixar-se no conceito virtual e pouco lapidado atual. Família deve ser sempre um refúgio seguro, deve promover subjetivação e individuação de seus componentes, deve prover sustentação e nutrição, ter sucesso no interdito, afim de incutir nos sujeitos as regras e normas sociais, educar e facilitar o desenvolvimento criativo e oferecer o sentimento de pertença aos sujeitos.
Se pensarmos por alguns instantes na nossa própria experiência com a família, porém, veremos que alguns, ou muitos, a depender, dessas tarefas não foram cumpridas, não estão sendo cumpridas, não serão cumpridas no futuro, e potencialmente, nem sabíamos que seria função da família, do contrário, não estaríamos diariamente delegando tais funções para outras instituições das quais os nossos membros familiares fazem parte, a exemplo, a escola, a igreja, etc.
Tirar a roupa dessa família teórica talvez não se faça nem necessário, visto que essa roupa, nos dias atuais, não corresponde a mais que poucos retalhos, através dos quais podemos ver facilmente a verdadeira face da família em nossa realidade social. As funções familiares mudaram, os papéis familiares mudaram, as configurações familiares mudaram, e especialmente, a sociedade e a cultura mudaram, não deixando espaço para que a família, enquanto elemento fundamental da constituição social, permanecesse a mesma.
A falar de funções familiares, a família nuclear não daria conta, atualmente, das inúmeras variações nas configurações familiares. Família enquanto papai, mamãe e filhinho, sem desmerecer ou subjugar a dívida ancestral, corresponde à uma parcela tão pequena das conjunções atuais que faz-se necessário modificar o prisma sob o qual olharemos as funções da família, afim de que as famílias que não correspondem a esse modelo clássico sejam potencialmente funcionais.
Tanto função paterna, de interditar, de proteger, de prover sustento, quanto a função materna, de nutrir, acolher, ser continente, precisam ser desenvolvidas independente do gênero dos membros que exercerão sua função, a exemplo das famílias homoparentais e monoparentais, tanto as famílias nos quais a configuração não correspondem exatamente a esse modelo triangular, onde um irmão ou irmã pode desenvolver as funções materno/paterna, obtendo sucesso na promoção do desenvolvimento de indivíduos saudáveis.
Quanto aos papéis familiares, esses são ainda mais confusos, pois destes a concretude cotidiana não consegue dar conta. O homem deve ser pai e esposo, enquanto ainda é filho e irmão, remetendo-se a sua família de origem, a criança deve ser filho, irmão e neto, e por assim vai, abrindo-se uma gama tão infinita de possibilidades combinatórias que montaria a maior de todas as árvores genealógicas de papéis.
Enquanto isso, ainda podemos abrir a discussão de como os papéis são vistos, teoricamente falando, e de como eles são desenvolvidos nas famílias da vida real. A exemplo, a fidelidade, que seria parte do papel de esposo a ser desenvolvido pelo homem, e que no entanto, não abarca a variada gama condições intrafamiliares, de modo que, cada família se ajusta a funcionar de maneira absolutamente particular. Os irmãos por sua vez, são vistos enquanto símbolo de união e perfeita harmonia, deixando de lado o seu caráter mais verdadeiro, o que corresponde à mais verdadeira natureza pulsional do ser humano, a agressividade, a rivalidade, digladiando-se numa luta eterna pelo amor materno.
Agora, ao tirarmos a roupa da família, seja ela nuclear ou não, o que encontraremos por baixo será nada menos que milhões de pequenos retalhos costurados por uma linha tênue, que corresponde ao caráter ontológico da humanidade, sendo essa a única maneira possível de desenvolver algo que se assemelhe a um conceito, e que chegue perto de dar conta da enorme variedade de conjuntos.
A única maneira de pôr uma roupa na família atual seria, primeiramente, esquecer o singular e focar-se no plural, começar acostumando-se com a não existência da família, e sim com a existência de famílias, e ainda assim, com a existência de famílias que se distanciam por milhões de quilômetros da família apresentada na teoria, mas que ainda assim consegue existir, funcionar e produzir sujeitos diariamente.
(Jorge Luiz*)
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Família é considerada um tema bastante abordado hoje em dia, superficialmente, qualquer pessoa é capaz de definir o que é uma família. No entanto, se sairmos do senso comum fica complicado explicar algo tão subjetivo. Digo subjetivo, na medida em que cada sujeito pertence a uma família e através de sua experiência tem uma idéia formada do que seja uma família. Além disso, muitos fatores influenciam diretamente numa possível definição de família, são eles: A cultura, a religião, a economia, os valores morais, entre outros.
Osório descreve a família da seguinte maneira:

“Família é uma unidade grupal onde se desenvolvem três tipos de relações pessoais – aliança (casal), Filiação (pais e filhos) e consangüinidade (irmãos) – e que a partir dos objetivos genéricos de preservar a espécie, nutrir e proteger a descendência e fornecer-lhe condições para a aquisição de suas identidades pessoais, desenvolveu através dos tempos funções diversificadas de transmissão de valores éticos, estéticos, religiosos e culturais”.

Há vários tipos de família, a nuclear, a extensa, a composta, a natural e a ampliada. Nesse texto abordaremos os papeis e funções intrafamiliares tendo como base a família nuclear.
Não existe família sem filhos, para ser uma família é necessário que haja uma criança, sem filhos seria um casal e não uma família. Partindo desta afirmação, a família nuclear é composta pela mãe – pai – filhos e tem como base o casamento que por sua vez tem como finalidade a procriação, sendo assim a família nuclear começa sua trajetória no casamento e termina com a morte do ultimo cônjuge.
Se tratando de papeis familiares, eles nem sem sempre são exercidos pela mesma pessoa que convencionalmente designamos. Por exemplo, uma babá pode exercer o papel de cuidado de uma criança no lugar da sua mãe.
O papel conjugal é um homem e uma mulher que decidem compartilhar da vinda juntos, pressupõe a interdependência o preenchimento de desejo e necessidades de cada um.
O papel parental abarca o papel materno e paterno. O materno é designado a proteção, nutrição, deposito de angustias da prole. O recém nascido é totalmente dependente de um cuidador, diferente de outras espécies de animais, ele não sobreviveria sozinho. Já o papel paterno é responsável pela desembiotização, ele instaura a lei. Vale ressaltar que o pai só entra na relação com a autorização da mãe.
O papel fraterno oscila entre dois comportamentos, a rivalidade e a solidariedade. Ele não apenas se reproduz no contexto familiar, como também numa relação de amigos, sócios, etc.
O papel filial tem como base a dependência, os recém nascidos dependem de cuidados para sobreviver.
As funções familiares são três: Função biológica, psicológicas e sociais.
A função biológica é responsável por garantir a sobrevivência dos indivíduos através dos cuidados aos recém nascidos. A psicológica é atribuir afetos, ser depositário das ansiedades dos indivíduos ao logo do seu desenvolvimento, proporcionar o ambiente adequado para as relações interpessoais. E a social é transmitir a cultura, valores, e também é responsável pela socialização da criança.
Por fim, gostaria de salientar que a família é de extrema importância na vida de qualquer individuo, pois, é o primeiro ambiente no qual se insere o sujeito e é através dela que este constrói sua personalidade.
(Ana Melo*)
(*) todos são alunos de Psicologia da FAFIRE, sétimo período.

3 comentários:

rotina criativa disse...

Gostei da nova foto do espaço do colaborador. E é bem interessante ver o quanto difere as escritas e a maneira de abordar o tema pelo alunos.

Cristiane Menezes disse...

Ei! Fiquei feliz de ver minha arte do "espaço do colaborador" aqui no blog. Dr. Marcos, muito obrigada. Para mim é uma diversão fazer isto. :))))

Cristiane

• Killer disse...

Rarai! Adorei né? Gostei desse espaço aqui para nós, colaboradores. Bem bacana.
É redundante dizer que gostei dos textos dos professores Creder e Cesário, valeu!