quarta-feira, 15 de agosto de 2012

E. COLABORADOR:CONFISSÕES DE UMA ESTUDANTE TERMINAL: UM DESPERTAR PARA O AMANHÃ


Janaína Fonsêca (psicologia - FAFIRE)

Neste período de término da graduação de psicologia é muito comum nos vir à mente tal questão: “Que profissional eu serei?” Neste momento de tantas crises, esta questão vaga também em minha cabeça, e a cada minuto me cobro em ser uma profissional melhor a cada dia. Profissional melhor e estudante melhor a cada dia, eu digo. Pois sei que em psicologia o humano deve ser percebido, compreendido, nas suas diferentes formas de se apresentar ao mundo. Talvez, seja essa uma grande confusão em nossas cabeças de estagiários e mais tarde futuros psicólogos. A confusão se trata de querermos entender esse outro que se encontra em nossa frente tal qual Freud entenderia, ou Lacan, Rogers, Bion, Klein, enfim, tal qual esses teóricos tão famosos por suas descobertas.
Nessa sociedade tecnicista que muito se incentiva o uso de artifícios para facilitar o processo de chegada a ‘conclusões’, pensamentos, reflexões de forma mais rápida. Talvez, estejamos, buscando receitas que nos deem a certeza de que sempre iremos acertar. E muito nos frustramos quando percebemos que isso não existe.
Depois de lê vários textos, e de ter varias crises por essas dificuldades e certezas que eu procurava parei para pensar se de fato nossa geração, tida por mim como a geração da preguiça de pensar, tida como a geração que não busca criativamente novas formas de viver as situações da vida. Se de fato ela também não tem suas coisas boas?
Talvez, eu esteja sendo muitas vezes cruel comigo mesma e com os meus colegas. O fato é que essa cobrança de perfeição que nossa sociedade impõe a cada segundo, muitas vezes nos faz optar pelas coisas que apresentam um resultado que consideremos mais rápido e seguro.
ANITA MALFATI
A ESTUDANTE - ANITA MALFATI

Talvez por esses motivos nós escolhemos repetir técnicas e não cria-las ou simplesmente está abertos a vivencia-las. Às vezes essas falhas vêm pelo medo de errar, de não ser adequado em muitas das situações que nos são apresentadas na prática do fazer psicológico.
Realmente, passamos grande parte de nossa graduação centrados em teorias, em técnicas. Nossas graduações pouco nos possibilitam vivenciar/experienciar momentos de prática psicológica. E quando isso acontece, nossos pés saem do chão e muitos são os momentos que nos sentimos desorientados, sem saber o que fazer.
Talvez, a leitura de mais textos como esse nos permita o entendimento de que nós não precisamos acertar sempre. De que esse encontro psicoterapeuta cliente é um encontro que acontece naquele momento e de tal forma que nenhuma outra pessoa conseguirá vive-lo da mesma forma que você e o cliente naquele exato instante. Talvez, nossos mestres mesmos com as dificuldades que existiam em suas épocas optaram por ser mais ousados do que nós.
Devemos ousar mais, devemos buscar vivenciar as mais diversas experiências e sempre refletir sobre o que nos foi propiciado viver. Talvez a vida do profissional de psicologia, seja também de técnicas, mais muito mais de lançar-se em novas experiências, em buscar entender aquele outro que se apresenta, que busca ajuda acreditando que nós temos uma resposta. E digo, acreditando. Ele acredita que a gente pode resolver todas as questões do mundo. Mas nós devemos saber que essa crença que ele tem em nós mas tarde deve passar a ser crença em si mesmo. E isso  se dá através da vivência, da escuta, da compreensão de si mesmo e desse outro.
Eu, agora muito mais aliviada pelo que pude catarsear nesse texto, começo a perceber que a busca é incessante. Que todo conhecimento é valido diante de uma profissão onde o que nos é apresentado é tão plural. Ler mais, ir ao shopping, em loja de criança, escutar musica, ler poemas, fazer teatro, dança, conversar com pessoas, conhecer pessoas, lugares...também são instrumentos nos quais nos podemos usar dentro de nossos consultórios. Talvez essas experiências também nos dê algumas competências que os livros e as técnicas não poderão nos oferecer. Talvez, só elas possam nos possibilitar o contato com outro humano.
Penso que muito é o percurso que temos em nossa frente, mas espero que possamos de fato viver esse percurso. Tudo é importante no trajeto de compreensão do humano em nossa frente; cada detalhe, cada palavra, movimento... tudo que é sensível, mas também é de importância compreender sobre as modernidades tecnológicas. Para enxergar principalmente quando em nossa frente encontra-se um espelho. E sim, claro, não posso deixar de dizer que podemos não ser adequados, podemos ter medo, podemos querer corresponder a expectativas que não são nossas, podemos chorar, podemos desacreditar de nos mesmos em alguns momentos, mas também podemos sorrir, buscar, tentar, crescer, criar...porque antes de tudo somos humanos. Estamos distante de ser essa perfeição idealizada pelo nosso grupo social, e até por nós mesmos.
Psicólogo também tem problemas e dificuldades. A grande diferença em ser psicólogo é o nosso olhar para o mundo e a nossa vontade de fazer o melhor por um outro humano.
É somos humanos,
vamos ousar mais....

Um comentário:

Alice disse...

Não concordo com voce e com um outro que postou no blog que essa geração, é a geração da preguiça de ler e de pensar, hoje em dia as informações surgem de todos os lugares, as pessoas vivem a mil, e creio que é apenas outra forma de se ter informação. O passado é sempre mais atraente, mas são grandes as criações e talentos do presente, pena que só terão seu valor reconhecido no futuro. Críticas sempre surgirão mas não adiantam, cada coisa a seu tempo. sem me alongar mais quero dizer que achei perfeito seu texto desde a primeira vez que ouvi, rs. E essa frase tirada do próprio texto creio que resume tudo: "...encontro psicoterapeuta cliente é um encontro que acontece naquele momento e de tal forma que nenhuma outra pessoa conseguirá vive-lo da mesma forma que você e o cliente..."