O termo insight surgiu no campo da Psicologia através do psicólogo alemão Karl Bühler (1879-1963), conhecido por seu trabalho na Psicologia da Gestalt. Tal palavra tem origem no inglês arcaico e é formada pelo prefixo "in" (dentro) + substantivo "vista", isto é, visão interior. Insight, portanto, tem o sentido de "clareza súbita" ou "compreensão interna".
Strictu sensu insight representa o momento em que tomamos consciência de algo até então não consciente. Assim sendo, insight implica introspecção e autoconhecimento. Através, pois, do insight, um indivíduo compreende o que motiva seu comportamento, pensamento e sentimentos.
Em princípio é muito comum algumas pessoas confundirem a aquisição de insights à mudança. Todavia, a questão não e tão simples assim.
Essa é a questão. O que faz um insight ser efetivo, ou seja, transformar-se em mudanças interna/externa?
Do ponto de vista psicodinâmico/analítico, o processo de mudança psíquica mediante o insight tem dois momentos distinto, porém sequenciais e interligados: o momento do insight propriamente dito e o momento da elaboração (todavia há teóricos que sustentam o contrário: primeiro a elaboração, para depois o insight). Seja como for, mudança implica em insight e elaboração. Segundo Ralph Greenson, "a meta da elaboração e tornar o insight efetivo". Mas, o que é elaboração.
O conceito surgiu no início do século XX e foi entendido, com a evolução conceitual do mesmo, por Freud como instrumento terapêutico no combate às resistências do paciente/cliente. Em 1914 escreveu ele seu famoso texto "Recordar, Repetir e Elaborar". Nele Freud reconhece que não basta o terapeuta mostrar ao paciente suas resistências, mas que ele necessitaria tem um tempo para processar (elaborar) o seu agora conhecimento sobre às resistências. Neste sentido, percebe-se que o processo de avançar sobre as resistências implica dois tempos: a da aquisição de insights (curto) e o do processo elaborativo dos mesmos (longo).
Pelo acima exposto, podemos dizer que uma psicoterapia focada em insights é de fato uma psicoterapia de mudança se baseada no processo de elaboração dos insights adquiridos. Dentro dessa perspectiva, enquanto um insight representa um instante/momento ("clareza súbita"), o processo elaborativo do mesmo representa um silencioso desenvolvimento interior do insight obtido. Segundo Sérgio Lewkowick (In: Psicoterapia de Orientação Analítica, capítulo Algumas Considerações Sobre o Processo de Elaboração na Psicoterapia), "o trabalho de elaboração nãopode ser observado diretamente. É através das mudanças os pacientes que ele pode ser apreciado e essas mudanças podem ser observadas em vários contextos".
Vamos resumir, então, a questão: entre o insight (ou vários insights) e a mudança psicológica e comportamental do efetiva do sujeito, existe um intervalo temporal (muitas vezes longo e árduo), denominado de elaboração.
Deixo com vocês, portanto, alguns textos que podem contribuir a melhor subsidiar o conhecimento de tal dinâmica:
A via sensível da
elaboração. Caminhos da clínica psicanalítica http://www.cprj.com.br/imagenscadernos/caderno23_pdf/07-A%20VIA%20SENSIVEL_DANIEL%20KUPERMAN.pdf
O estudo do insight
pela análise do comportamento
Fundamentos da
mudança psíquica: recursos para o manejo técnico em psicoterapia breve
Processos de mudança
em psicoterapia: Intervenções do terapeuta, insight e personalidade do paciente
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