No começo dos anos 80 um livro
fez sucesso. Do escritor e psicólogo americano Dan Killey, o seu livro “A
síndrome de Peter Pan” gerou uma onda de livros pop-psicológicos. Embora não conste dos manuais de diagnósticos,
a ideia da síndrome de Peter Pan abre espaço para boas discussões. Vejamos.
Peter Pan é um personagem da literatura
infanto-juvenil criado pelo escritor e dramaturgo James M. Barrie. Ao
contrários das demais crianças, Peter Pan jamais cresce e mora num lugar
chamado “Terra do Nunca” com seus amiguinhos e a fada Sininho, onde vive
aventuras mágicas. O personagem de Peter Pan foi criado em história que Barrie
contava aos filhos de sua amiga Sylvia Davies. A história é relatada no filme “Em
Busca da Terra do Nunca”, dirigido por Marc Forster (mesmo diretor do tocante “A
Última Ceia”) e estrelado por Johnny Depp (trailer abaixo):
A utilização da metáfora
síndrome de Peter Pan é feita pelo livro para falar de adultos que teimam em
continuar crianças e continuam a se comportar como se não fossem responsáveis
pelos seus atos e comportamentos. No negar-se a crescer se oculta uma profunda
imaturidade emocional, aliada a insegurança e a necessidade narcísica de ser
aceito e amado por todos. Por detrás, por exemplo, de condutas arrogantes
encontra-se um pequeno ser frágil, vulnerável, indeciso, tímido e hesitante.
Vivem, muitas vezes, em uma idealizada juventude que não conseguem deixar, têm
medo da solidão e possuem baixa autoestima.
Geralmente irresponsáveis, com dificuldade de darem continuidade a
compromissos afetivos, e dependentes emocionais e às vezes até material e
financeiramente. Parecem viverem festivamente em uma ilusória “Terra do Nunca”
onde os garotos/garotas nunca envelhecem. A vida lhes é como uma interminável
festa, regada a álcool, baladas, sexo e rock and roll.
Todavia a Terra do Nunca é exatamente um lugar de
infindáveis e incontáveis aventuras que nunca acabam porque não se está
plenamente satisfeito e sempre se busca algo e algo mais e algo mais e mais
ainda... É como certa vez falou o físico Albert Einstein, “insanidade é fazer sempre a mesma coisa e esperar resultados diferentes"E é por isso que o personagem de Peter Pan diz a Wendy:”. “De todas as ilhas aprazíveis, a Terra do Nunca é a mais
aconchegante e a mais compacta, nem grande nem esparramada, com cansativas
distâncias entre uma aventura e outra, mas com tudo maravilhosamente apinhado.”. Lindo se fosse realidade, pois a vida, a vida mesmo tem lá suas alegrias e fanfarras, mas também tem seus dessabores e seus dramas. É preciso vivê-la como ela é, e para isto é necessário enfrentá-la até para tentar mudá-la no que for possível mudar. Não é difícil identificar um
adulto adolescente. Frequentemente é procrastinador, evita responsabilidades,
vive ansioso e cronicamente insatisfeito, egocêntrico, acha que está no direito
de que a vida lhe dê o que querem, sem muito batalhar para tal. Parecem viverem
em muito de sonhos imaginários e fantásticos, onde tudo para ele é possível. Mas
a existência nunca é como gostariam que fosse, e vivem em continua desilusão, o
que lhes alimenta ainda mais a insatisfação, embora não tome iniciativas para
reverter o quadro ou a situação.
A eterna juventude que aí se
busca é uma juventude fútil, estéril e infantilizada, e não a juventude que como
escrevia o dramaturgo e poeta francês Paul Claudel, “a
juventude não foi feita para o prazer, mas para o desafio”.Senão ficaremos
naquilo que também escreveu o psicólogo americano William James: “Faça com que as coisas aconteçam. Nada é
mais exaustivo do que a eterna pendência de uma tarefa incompleta”.
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