Seja
o que for amor ele é um afeto, ou faz parte da nossa vida afetiva. Inicialmente
parece ter a ver com carinho e cuidado. Como todo afeto o amor é fundamental na
criação de nossos laços afetivo com os outros. Uma única palavra, porém com
diversos significados, tais como amor físico, amor materno, amor fraterno, amor
erótico, amor platônico, amor cristão, amor ao seu time de futebol, amor à
vida...
Sábio eram os gregos, pois tinham
várias palavras para significar vários tipos de amor, tais como Philia (amizade), Pragma (praticidade), Storge
(pais e filhos), Eros (atração), Ágape (doação), entre
outras. Cada palavra, cada termo,
descreve o amor em suas diversas facetas. Assim, por exemplo, quando
encontramos na Bíblia, no Evangelho de João, a expressão “Deus é amor”, em
grego se escreve Ágape.
Hoje vivemos uma fase em que
casamento e amor estão associados, isto é, casa-se por amor, muitas vezes. Mas
historicamente antes não era bem assim. Devido ao curto espaço aqui no blog
orientamos os interessados na história e na ideologia do amor conhecerem o
artigo “Amor, casamento e sexualidade: velhas e novas configurações”, publicado
na revista Psicologia: Ciência e Profissão, de autoria de Maria de Fátima Araújo,
através de: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?pid=S1414-98932002000200009&script=sci_arttext.
Para maiores aprofundamentos, imprescindível o clássico livro HISTÓRIA DO AMOR
NO OCIDENTE, de Denis de Rougemont. Livro difícil de encontrar, talvez nos
sebos da vida.
Pois
bem. A contradição acima está na estreita relação entre amor e desejo. A saída
à “sinuca de bico” nos foi dada inicialmente por Santo Agostinho. Ele, sem
abandonar a ideia platônica de que amor é desejo e desejo é falta, nos propõe a
compreender a questão nos seguintes termos e significados: quando se tem o
objeto do desejo assim o tem no presente. O desejo permanece frente ao incerto,
ou seja, o futuro. O desejo que subjaz e persiste no desejo que se realiza na “posse”
do objeto amado é o desejo de continuar com o objeto, visto que o amanhã é
sempre algo ainda não atingível (e por isto nos falta) e quando o amanhã chega
ele não é mais amanhã é presente, presente este que é sempre e constantemente
contingente e passageiro.
Ora,
caro leitor, o que isso tudo acima quer dizer é que amar é zelar e cuidar do
objeto amado para que se tenha o mesmo em todos os amanhãs. O amor, portanto,
busca não somente a “posse” do objeto amado, mas a permanência e a
continuidade. E num é exatamente isso o que diz o poeta russo Maiakovski neste
seu curto e belo poema?:
“Teu corpo
eu
quero acariciar
como
um soldado
mutilado
pela guerra,
inútil,
sem
ninguém,
acaricia
sua única perna”.
Joaquim Cesário de Mello
3 comentários:
Por increça que parível... Agora entendi!!!
Do amor não é fácil se falar atualmente, onde tudo é muito líquido como diz Bauman. Em minha reflexão junto ao que Agostinho diz que o amor é desejo e desejo é falta mas o medo de perder esse desejo mantei o amor. Diante disso pergunto, em meio a uma geração que não pensa em futuro que busca o desejo do outro como consumo,Como classificaríamos o amor?
Como você mesma diz Kalina: AMOR LÍQUIDO, aliás o título do livro de Bauman que você cita.
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