terça-feira, 27 de novembro de 2012

LITERALPÉDIA

PERNAMBUQUÊS

     O Nordeste, e mais precisamente Pernambuco, tem sua linguagem própria e peculiar. Mais do que gírias, dialetos ou jargões regionais, trata-se de um verdadeiro idioma nativo, uma língua e linguagem formado ao longo dos tempos: o PERNAMBUQUÊS. Nascido do povo e para o povo o Pernambuquês facilita a comunicação quem dele conhece e é versado. Neste sentido, o LiteralMente blog abre um pequeno espaço para algumas da nossas variedades linguísticas, principalmente aos profissionais de saúde mental que necessitam entender e se fazerem entendidos, bem como construir vínculos autênticos e comunicativos entre si e seus clientes/pacientes. Escutar é entender o que o outro fala e intervir no discurso do outro é ser entendido por quem nos ouve. Vamos lá, pois:

PIXOTOTINHO: menor do que côtoco (pequeno), miúdo, coisa pequena, bem pequenininha.  Sua origem advém da palavra “pixote” que é do vocabulário chinês de Macau (pe xot).

MUNGANGA: termo de origem africana (Moganga) que significa palhaçada, macaquice, molecada.

PANTIM: vem do francês “pantim” (comportamento indesejado) e pra nós representa encenação, mentir com gestos, frescura.

PEBA: do Tupi “pewa”  (chato) e em português acabou por significar algo de baixa qualidade.

BICADO: Quando o cara toma uma ele molha o bico e, portanto, fica bicado (bêbado).

PEITICA: Espécie de ave (Empidonomus varius) que também leva o nome de “saci”. Agora o que isso tem a ver com o significado que em Pernambuco se dá, que é aporrinhação e chato, o Literalpédia ainda não descobriu (aceita-se contribuições).

CABULOSO: sinônimo de peitica. Embora exista o verbo “cabular” (gazear aula) a etimologia é desconhecida. Mistério a ser em breve desvendado pelo Literalpédia. 

XÔXO: existe o termo “muxoxo” que vem de Angola que é o estalido que se faz com a língua e os lábios. Todavia, quando dizemos em alto e bom pernambuquê “xôxo” estamos falando de algo sem graça, xulé, mucho. Sabe aquele coisa xôxa do teu namorado?

PEGUENTO: Vem de pegar. É quando o suor gruda na gente.

ESPRAGATADO: particípio passado do verbo espragatar (amassado).

CAMBITO: é uma espécie de cabide de madeira. Quando falamos no pop “cambito” estamos a falar das “pernas finas” de uma muié.

CÃO CHUPANDO MANGA: donde danado nasceu esta expressão? Cão é muito usado pra falar no demo, na besta fera. Já quem chupa careta invariavelmente faz careta. Daí vem a idea que um “cão chupando manga” é uma pessoa fera, muito bom no que faz. Que nem o LiteralMENTE, modéstia á parte,  que é um blog do cão chupando manga.

PITACO: palpite, dica. Intromissão em conversa alheia. Talvez sua origem tenha a ver com um grego antigo chamado Pítaco que como estadista e legislador ficou conhecido por suas sentenças.

CU DE BOI = problema grande, confusão, situação complicada. Para quem quer entender o por que da expressão, então é só chegar perto do cu do boi pra ver.

ESTAR COM A BOBÔNICA = enfezado, irado, enraivecido. Tal expressão tem a ver com a febre bubônica.

CAGADO = pessoa que tem muita sorte. O cagado aqui deve ter a ver com a expressão também tipicamente pernambucana: “nasceu com o cu virado pra lua”. Não confundir uma pessoa cagada com uma pessoa que fez cagada, pois esta última é de quem faz coisa errada.

QUENGA = prostituta. Como termo quenga vem do Quibundo “kienga” (vasilha). Agora o que a kienga ou a quenga de coco tem a ver com prostituta, cremos que só pagando pra saber.

QUEIJUDO: homem donzelo ou pessoa tabacuda. Por isto quando o caba perde a donzelice a gente diz: “tirou o queijo”. Dizem que tem relação com o ejacular, analogamente parecido com o tirar o leite das tetas de uma vaca.

BURUÇU = confusão, tumulto. Entender a etimologia dá um verdadeiro buruçu.

TRIBUFÚ = mulher feia. A origem da palavra deve ser tão feia que ninguém sabe de onde vem.

ACOCHADO = apertado. Seu antônimo é AFOLOZADO.

PAIA = coisa ou situação ruim. Também é utilizado para falar de Tribufu.

AVEXAR = afobado, agoniado, apressado. Sua morfologia é constituída de prefixo a + verbo vexar.

    Pois é cambada. Agora já dá pra se aproxegar do povo sem arengar. Num carece de aperreio, com o bê-a-bá acima avalie só que já dá pra atender nego abestalhado, abilolado, tabacudo, lesado, traquino, atarantado, invocado, cabuloso, aruá, peçoento, com a gota serena, e até caba com a bexiga lixa, ou que tá comendo brocha, ou tá azuretado ou com inhaca. Só deve tomar cuidado com xexeiro. No pró que já dá pra conversar e a ajudar quem é peba a se transformar em tampa. Mas tem que relar muito pra torar a neurose do pessoal. Porém chegando lá o cara vira uma verdadeira tampa de crush. É que nem veneno de cobra, o psicoterapeuta com o perrnambuquês fica virado num molho de coentro, que nem cão chupando manga. O caba pode emburacá no consultório que a gente tá pronto né pra conversa mole nem fuxico, pois nosso trabalho é ser buliçoso  e catucar a alma humana seja em que língua for. Mas vamos terminar com este lero-lero, pois a gente precisa amarrar o jegue e arribar. Tamos chegando.
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PS:  se o pareia ainda tá encontrando alguma dificuldade, deu um nó cego, e tá um tanto azoretado pensando “diabéisso” se aperrei não pois tem coisa aqui que é do tempo do ronca. E apoi, o Literalpédia que está com a bexiga lixa e num é de potoca e nem de conservar miolo de pote ou encher linguiça tá aqui é exatamente pra arreganhar o verbo. Omi, é só pedir que a gente mostra mais, vissi?

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