domingo, 3 de fevereiro de 2019

O MAL QUE VOCÊ ME FAZ

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O termo tóxico nos remete à venenoso, danoso, malévolo, perigoso, prejudicial e por aí vai. Tóxico também nos leva associar com droga, narcótico, entorpecente ou substâncias prejudiciais e que causam dependência. Tóxico vem de grego toxicum que significa veneno. Do ponto de vista da toxicologia a toxidade de uma determinada substância tem a ver com a qualidade de virulência que tal substância ocasiona no organismo. Porém é comum às vezes vermos o uso da palavra tóxico ligada à relacionamento. E como isso é possível? Como um relacionamento entre pessoas podem gerar toxidade?
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O que vem a ser tóxico entre duas ou mais pessoas é a atmosfera emocional desta relação. Neste sentido um relacionamento tóxico é aquele em que são gerados emoções ditas negativas de maneira constante e espiralizante. O clima emocional é amplamente negativante. Do ponto de vista afetivo é um relacionamento débil e mórbido, um relacionamento que drena emocionalmente as pessoas envolvidas e que contém elevados níveis de stress. É como se um invisível espinho fosse gravado na alma dolorosamente. E porque tóxico tal relacionamento é viciante.

Resultado de imagem para relação tóxicaEnvolver-se com uma pessoa tóxica é se envolver com uma pessoa abusadora, exploradora, manipuladora, chantagista, inclusive ameaçadora. Críticas constantes, desqualificação, xingamentos, humilhações, vexames, degradações, desonestidade e agressões tanto verbais como físicas, compõem o clima emocional de tal relacionamento. Trata-se de um vínculo corrosivo e desgastante. É um típico relacionamento que se preservado muito tempo ruma para a ruína e destruição.

Resultado de imagem para pessoa tóxicaA violência psicológica é tão violenta ou até mais do que a violência física. Tem gente que parece naturalmente tóxica. Usualmente são pessoas invejosas, maldosas, mentirosas, falsas e até mesmo perversas. Embora não tenhamos uma "personalidade tóxica" existe pessoas tóxicas. Envolver-se com gente que sofre de transtornos de personalidade borderline e paranoide, por exemplo, é frequentemente se enrolar toxicamente. Mas há aquele que parecem procurar tal tipo de relacionamento. Comumente são pessoas que baixa autoestima, com dificuldades de dar limites, com ausência de assertividade e fortes tendências submissas e dependentes. Sim, um relacionamento é uma avenida de da mão-dupla e não uma rua de mão-única. 
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Vampiros não são apenas lendas sobre entidades que sobrevivem se alimentando de sangue humano. Há verdadeiros vampiros emocionais por aí camuflados inicialmente de cordeirinhos e que na primeira oportunidade mostram suas garras hostis e arrogantes. São indivíduos parasitas das almas alheias. E pensar que tudo pode levemente começar leve comentários sutis e com pequenas piadas irônicas que em sua jocosidade e aparente despretensão buscam fazer troça e atingir a autoestima da vítima. Gradualmente vai envolvendo a sua presa e quando ela menos espera já está enredada.  Não existe um padrão único e específico. Ás vezes são pessoas tiranicamente dominadoras e sufocantes, outras ameaçadoramente psicóticas, assim como neuróticas suficientes para estragar a vida de quem está ao seu lado, ou verdadeiras montanhas-russas emocionais de características border. Ronald Shouten (professor de Medicina em Havard) chama de "quase psicopatas".

Resultado de imagem para amor tóxicoMuitos se enganam acreditando que amam a pessoa que está adoecendo suas vidas. Porém, indo além da superficialidade das aparências há de se entender a questão em termos de intersubjetividade, isto é, o que se intercambia subjetivamente entre os sujeitos. Relacionamentos patogênicos são muitas vezes relacionamentos fusionais (bilateralmente ou unilateralmente) e adesivos. Não há propriamente dito - em termos psicoafetivos - duas individualidades em jogo; um ou ambos desaparecem como sujeito autônomo e definido. Ao se aferrar à alguém, o que temos é uma espécie de borrão entre o self e seu objeto. A identidade subjetivamente falando é tão frágil que a pessoa necessita se ancorar a um outro. Sabe aquele ditado que diz antes só do que mal acompanhado? Pois é, inverte-se a questão para antes mal acompanhado do que só.
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O psicanalista David Maldavsky refere que regressivamente uma pessoa se liga à outra como uma ventosa ou como um sanguessuga, mediante o apego usurpante da vitalidade do outro. Pode ser que tudo comece bem lá atrás, bem antes do início da relação. Provavelmente a gênese parece estar no sentimento primário de desamparo. Não há ser humano que não tenha iniciado a vida sem necessitar de mãe, ou mais precisamente da função materna. O medo do desamparo ou a experiência do desamparo pode fomentar uma personalidade com tendências fortemente dependentes.
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Alguém assim tão perigosamente dependente é algo análogo com alguém dependente de uma droga psicoativa. O termo hoje usado de drogadição (droga + adição) nos oferece a seguinte ideia: que a droga vem a tamponar (somar) vazios psíquicos (faltas, subtrações) da alma humana. Uma relação tóxica é um elo amoroso que atenua a sensação de desamparo. Por isso que é muito difícil àquele que está quase como que umbilicalmente ligado ao objeto amoroso tóxico (daí a analogia com a droga) romper com esse tipo de aliança. O sujeito não se encontra em um laço afetivo, mas sim em um nó afetivo.

Joaquim Cesário de Mello

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