

A psicanálise tem um sem número de adversários e de opositores, mas não se questiona, nessas tensões, a habilidade de Freud com a escrita. Freud foi escritor, aliás, um excelente escritor. Ganhou o prêmio Goethe de Literatura , mesmo que no íntimo julgasse que merecesse o Nobel. A boa escrita de Freud fez com que sua teoria ganhasse vulto e se disseminasse no meio acadêmico e literário - a influência da psicanálise nos saberes do século XX é evidente. Sua teoria é encantadora, diria genial, e sua escrita maravilhosa. Mas eis que chegaram os seus sucessores que, na tentativa de superar o Pai, criaram novos conceitos, complexos textos. Francamente, a maioria dos grandes psicanalistas pós-freudianos foram escritores medíocres, agravados ainda mais pelas traduções sofríveis. Há em toda área do conhecimento um pedantismo que quer manter um figuraço no lugar de mestre - algo parecido com que Machado de Assis chamou de medalhão. Como numa seita religiosa o mestre tem o dom da palavra, palavras que são escritas ou proferidas de maneira ambígua, em tom metafórico e ainda, seguindo o padrão religioso, trazem um dizer por parábolas para os seus seguidores. Com uma ou outra exceção, os sucessores de Freud se colocaram nesse lugar de donos de saberes fechados, complexos, “eruditos”, com conceitos rebuscados. Na verdade textos mal escritos..

O psicólogo cognitivista norte-americano Steven Pinker diz que nada mais difícil que escrever uma teoria de forma simples. Segundo ele, a maioria das pessoas da academia sofrem do que chamou da "maldição do conhecimento". A crença de Pinker é de que por dificuldades cognitivas, os teóricos se fazem menos compreendidos. Concordo e acrescento: além dessas questões cognitivas, há também uma espécie de vaidade ou de charme em se mostrar complexo. Os cientistas ou os pensadores não querem suas teorias vendidas nos sinais de trânsito ou nos programas de rádio ou televisão. Daí que surgem os gurus da erudição e seus discípulos, que nada mais fazem do que uma cartomante ao se utilizar de jogos de palavras, para revelar o óbvio.
Dificilmente encontramos autores que dizem algo além do óbvio. Alguns autores me veem a mente. falarei Mais adiante
Marcos Creder
Marcos Creder
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