domingo, 20 de novembro de 2016

THE MAN

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Em 1978 o técnico da seleção brasileira Cláudio Coutinho autointitulou aquela seleção de "campeã moral" da copa na Argentina. Mesmo invicto o escrete brasileiro terminou em terceiro lugar por ter o Peru "aberto as pernas" pra seleção anfitriã na goleada de 6 x 0. Pois é, mutatis mutandis, foi algo parecido o que ocorreu com a última premiação do Nobel de Literatura concedido ao músico e compositor Bob Dylan. Como escreveu Marcos Creder, Dylan é um "escritor que não escreve livros". Proselitismos à parte, se era pra se homenagear textos musicais injusto, então, não se laurear com o referido Nobel a produção artística de Leonard Cohen. E olhe que não estamos apenas a falar das letras e peças musicais que ele compôs, mas igualmente a sua própria literatura. Cohen antes de se tornar músico já era um celebrado poeta e escritor canadense.Em 2011 foi vencedor do Prêmio Príncipe das Antúrias, honra esta destinada aos notáveis de várias áreas de humanas e ciência.
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Por ocasião de sua morte, em 10 de novembro deste ano, disse o primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, que a capacidade que tinha Cohen de conjugar emoções fez dele um dos mais influentes músicos de todos os tempos e que seu estilo transcende os caprichos da moda. É fato, vide, por exemplo, canções como Hallelujah, Suzanne, I'm Your Man, Everbody Knows e Dance Me To End Of Love, entre tantas. E nenhum de seus sucessos se rendeu a fórmulas fáceis e comerciais. Decididamente Cohen já tinha se eternizado bem antes de ter se encantado. Diz o site R7; "do folk às composições com sintetizadores, Leonard Cohen foi ao lado de Dylan o mais próximo que um astro de rock surgido no auge do movimento chegou de unir com perfeição duas inspirações artísticas: a literatura e a música.", 
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Dizem que poesia é uma coisa e poética das letras musicais é outra. Porém não com Cohen. Suas músicas são poesias cantadas. Não é pra qualquer um. Profeticamente nos últimos anos vinha refletindo sobre sua própria mortalidade ("eu não tenho futuro/sei que meus dias são poucos"). A morte finalmente lhe chegou, como para todos chegará... um dia. De Leonard Cohen o homem se foi, deixou de existir. Ficou o poeta e o escritor que já foi comparado a James Joyce. Ficou o músico e compositor que, disse certa vez Bob Dylan, era o Kafka do blues. Ficou para sempre gravado sua voz inconfundível e única, cuja soada era grave, soturna, profunda e bela. Façamos hoje, pois, um réquiem para Leonard Cohen. Uma parte do mundo está órfã. A melhor parte.

Abaixo três das minhas mais preferidas músicas:

Dance Me To End Of Love


I'm Your Man:


The Future


Joaquim Cesário de Mello

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