domingo, 6 de agosto de 2017

Um convite à ficção



Prezados leitores,

Em razão das dificuldades de minha disponibilidade de tempo até o final deste ano, dividirei, eventualmente, o meu espaço quinzenal com um novo colaborador. Chama-se Guilherme Leão. Guilherme é pernambucano,  mora atualmente em São Paulo e tem se interessado por temas, como os deste blogue, ligados a literatura, arte, cinema, psicologia e psicanálise, além de ser ficcionista e cronista dos eventos cotidianos. Seu texto revela evidente mordacidade e inteligência, algo tão carente na crítica e no texto cultural.   A tradição ficcional de Guilherme , faz com que seu texto seja instigante e de agradável leitura, sem  se mostrar superficial ou simplista;  reserva, a quem interessar,   profundidade necessária dos temas que venha a problematizar.

Certa feita, um crítico literário comentou que o texto de  Nelson Rodrigues  era por demais simples. Nelson, na sua tradicional acidez, respondeu-lhe o quão trabalhoso é escrever com simplicidade.  Tem razão. Muitas vezes fui surpreendido com a simplicidade de textos ditos clássicos da Literatura - em verdade, quando mais jovem temia lê-los por acreditar que  fossem difíceis, incompreensíveis, eruditos. Hoje julgo que difícil mesmo é escrevê-los, dificil mesmo é conseguir fazê-los belos na simplicidade e nos seus estilos. Escrever Dom Quixote, por exemplo, é escrever com simplicidade, assim como fez Pablo Picasso na pintura, ao esboçar esse personagem de Cervantes.

Guilherme é essencialmente um autor de ficção. Muitos temem a ficção por se distanciar da  realidade, criando um texto próprio, proseado que tornem os fatos cotidianos imprecisos. É preciso, contudo, entender que não existe a realidade absoluta e caso venha a existir, como disse Umberto Eco, ela só será de fato inquestionável na ficção. Pode-se por exemplo questionar fatos históricos: Jesus morreu crucificado? Shakespeare escreveu Hamlet? Dante acreditava no inferno? Há quem questione essas verdades. No entanto, não podemos duvidar da morte por suicídio do jovem Werther, de Goethe, ou de Anna Karenina, de Tolstói.

Bem vindo Guilherme Leão.

Marcos Creder

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