segunda-feira, 30 de março de 2020

DIÁRIO DE AULA CLINICA I: FOCO TERAPÊUTICO


Conheça os tipos de psicoterapia e suas características




Nenhuma psicoterapia é igual a outra. Não falo aqui de técnica, mas sim da relação que se estabelece entre um terapeuta e seu paciente. É aquela velha máxima, cada caso é um caso. Como escreve Mauro Hegenberg, psiquiatra e doutor em Psicologia Clínica pela Universidade de São Paulo, “os terapeutas não trabalham todos de igual maneira, nem é razoável supor que todos os pacientes devem ser tratados da mesma forma”. Embora sejam óbvias tais afirmações, segue ele, “na prática a tendência é cada terapeuta defender seu modo próprio de trabalhar, considerando-o, em geral, o mais adequado para todos os pacientes”.

Particularidades da personalidade e cultura de cada psicoterapeuta à parte, existem abordagens que me melhor se ajustam às suas necessidades, queixas, psicopatologias e até mesmo temperamento e jeito de ser. Nem todas pessoas e indivíduos ou grupos se se beneficiam de abordagens terapêuticas X, Y ou Z.
Psicologizzano: E QUANDO A PSICOTERAPIA FALHA?Uma questão a se levantar em relação às psicoterapias é também em relação ao tempo de duração delas. Há técnicas e terapias que tendem a ser de longo prazo, outras de menor prazo. Têm abordagens que são de 10/24 sessões, ou até menos, como, em alguns casos, a TCC clássica e a PIB (psicoterapia interpessoal). Outras se arrastam até por longos anos, como é o caso da Psicanálise em seu modelo mais ortodoxo.
No presente texto, iremos no dedicar as chamadas psicoterapias breves, que são aqueles que trabalham com um foco, muitas elas, inclusive, com tempo definido desde o início.
Existem várias maneiras de se trabalhar em psicoterapia breve, mas todas elas manejam com o conceito de FOCO TERAPÊUTICO, que é o orientador de todas a terapia. Mas o que vem a ser FOCO?
O que é psicoterapia breve?



Foco é exatamente aquilo que vai ser enfocado na psicoterapia, aquilo que vai ser que é prioritário em meio a amplitude de assuntos que podem ser abordados. Em outras palavras é aquilo que mais se destaca. E o que é que mais que se destaca, em princípio, do que as queixas do próprio paciente/cliente (o que lhe levou à psicoterapia). Neste sentido uma abordagem focal se estrutura estrategicamente a partir de:

a) a queixa trazida pelo cliente;
b) a eleição de foco para o trabalho;
c) a compreensão diagnóstica; e
d) a relação terapêutica.

Livro: Psicoterapia Breve de Orientacao Psicanalitica - Eduardo ...Segundo o psiquiatra e psicanalista Eduardo Braier,: "trata-se de uma situação que se torna presente na vida do sujeito, diante da qual e por motivo de cuja ação descompensadora surgem ou podem surgir nele dificuldades de índole psíquica que operam como obstáculo para alcançar um desenvolvimento adequado".

O foco de trabalho terapêutico tem sua estrutura e seu eixo central tanto no MOTIVO DA CONSULTA, como no CONFLITO SUBJECENTE inserido em uma situação geralmente interpessoal e/ou grupal. Por exemplo> angústia (queixa) frente a uma decisão se assume ou não ou bolsa de estudos para estudar no exterior, relacionada a dificuldades de separação frente a sua família, mais precisamente frente a sua mão excessivamente protetor da qual ela mantém um vínculo de forte dependência (CONFLITO SUBJECENTE).
Além do motivo da consulta (queixa) e dos conflitos subjacentes, na estruturação do foco a ser trabalhado, também entram aspectos históricos-genéticos (caracterológicos) do paciente/cliente, bem como momento evolutivo presente (CICLO DE VIDA). É comum eu a queixa seja derivada de conflitos subjacentes, nem sempre perceptíveis claramente pelo cliente.

Em resumo, trabalhar focalmente compõe-se das seguintes características:

LIMITAR OBJETIVOS (focar em lidar com conflitos mais emergentes e atuais);
MANTER-SE NO FOCO
ATIVIDADE POR PARTE DO TERAPEUTA
ÊNFASE NA INTERVENÇÃO IMEDIATA (direcionado ao presente/emergente)

Freudiana, junguiana, comportamental… Saiba como escolher a sua ...


Atuar em foco, portanto, requer trabalhar com ATENÇÃO SELETIVA-NEGLIGENTE, isto é, selecionar dentro do material do cliente (discurso/narrativa) aquilo que tem pertinência com o foco, e negligenciar aspectos extrafocais.

Todavia, situações inesperadas podem acontecer na vida com cliente durante o trabalho terapêutico, e que provocam o surgimento de emoções/pensamentos perturbadores de magnitude e intensidade, que exige, portanto, um inevitavelmente afastamento da temática focal (chamamos isso de PONTO DE URGÊNCIA). Nesses casos, faz-se necessário intervir nos aspectos descompensadores e ansiogênicos da situação inesperada, para depois, sim, poder voltar a focar o que antes se estava trabalhando.  Exemplo: o falecimento de um ente querido e muito próximo.

Para reforço, vide os seguintes slides: 

SUGESTÕES DE LEITURAS:



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