velho de não mais voltar
quero ouvir a voz de minha mãe
cantando cantigas em francês
cantigas pra mim ninar.
Quando meus retratos
forem mais desusados do que eu
e de minhas mãos murchadas
não mais brotarem versos como estes
quero o rosto de minha mãe
a me olhar cuidante
no infinito velar do sono final.
forem mais desusados do que eu
e de minhas mãos murchadas
não mais brotarem versos como estes
quero o rosto de minha mãe
a me olhar cuidante
no infinito velar do sono final.
Quando nada mais restar
amigos, mulher nem filhos
quero a maciez do colo de minha mãe
na paisagem distante de uma praia deserta
sossegada, serena e calma
ali por onde o tempo não passa
e lá onde vou então poder de vez
virar areia.
amigos, mulher nem filhos
quero a maciez do colo de minha mãe
na paisagem distante de uma praia deserta
sossegada, serena e calma
ali por onde o tempo não passa
e lá onde vou então poder de vez
virar areia.
velho mas velho mesmo
quero de novo minha mãe
cantando cantigas em francês
cantigas pra mim ninar.
Joaquim Cesário de Mello
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