Centremos nossa atenção na família nuclear tradicional: casal com filho(s). Como grupo social que é, a família nuclear tem seus papéis sociais. O papel social é definido como um conjunto de normas e expectativas que condicionam o comportamento dos indivíduos pertencentes ao grupo, não tanto em conformidade com as características pessoais de cada indivíduo, mas pelo que se espera de quem ocupa determinada posição social. Sociologicamente falando o papel social é aquilo que se espera de alguém que tem um estatuto social. Neste sentido se pode dizer que o papel social tem o status do papel e o exercício ou desempenho do mesmo (função). Vejamos, pois, isto em termo de família nuclear.
Considerando
a família nuclear com base na conjugalidade e com finalidade de criação de
filhos, então a mesma pode ter até quatro papéis sociais distintos, a saber:
- papel conjugal (casal)
- papel parental (pais)
- papel filial (filho)
- papel fraterno (irmãos)
O papel conjugal transcende ao ato de casar ou de uma pessoa se unir à outra. Duas pessoas casadas, ou que
moram juntas, formam um casal enquanto status. Porém, há de se ver se funcionam
como um casal. De antemão destaquemos que uma relação conjugal traz a expectativa
que a parceria se estabeleça através de laços sexuais e afetivos, provenientes
do desejo de compartilharem juntos a vida, independente de terem ou não filhos,
bem como de ser esta união institucionalmente formalizada ou não.
O papel conjugal
pressupõe a interdependência entre seus membros e o exercício de tal
interdependência envolve, por sua vez, compreensão, cooperação, compartilhamento,
competição, cumplicidade e mutualidade. O papel conjugal não deve se confundir
com o papel parental (cuidar de filhos), embora na esfera da conjugalidade
resida a reprodução.
Um casal quando tem um filho não deixa de ser um casal, mas um casal com filhos soma à conjugalidade um novo e outro papel, pois tornam os membros conjugais em pais. A díade (casal) torna-se agora tríade (casal + filho).
Como dito acima, embora a reprodução esteja no âmbito da conjugalidada, os atributos, tarefas, exigências e funções inerentes pertencem ao exercício do papel parental. O nascimento de uma criança implica obrigações e prazeres, bem como dispêndio de energia ao projeto educativo parental. À guisa de melhor compreensão do papel parental, costuma-se distinguir as funções maternas e paternas. Funções materna e paternas não devem ser confundidas com pai ou mãe, homem ou mulher. Não se trata de biologia, nem questão de gênero. Estamos a destacar a funcionalidade. Uma mãe solteira, por exemplo, ao longo do crescimento de seu filho pode muito bem exercer os dois papéis em momentos distintos da vida, isto é, funcionar inicialmente como mãe e posteriormente como pai.
FUNÇÃO MATERNA
Cabe a função materna nutrir e proteger a prole. No início da vida o bebê está exposto a medos, angústia e ansiedades frente aos quais não sabe lidar. A função materna, neste sentido, é a de ser continente das emoções existenciais do pequeno infante. A mãe (ou quem exerce o papel) auxilia a criança a "digerir" seus próprios afetos inominados através de uma postura responsivamente empática onde, como receptáculo, além de mitigar a ansiedade dá sentido a mesma.
FUNÇÃO PATERNA
A função paterna representa "soltar" o filho pro mundo. Soltar aqui está em aspas exatamente por não significar largar, mas sim ajudá-lo a andar com suas próprias pernas até não mais necessitar de pais para viver e/ou lidar com seus conflitos existenciais. Assim sendo, considerando que a função materna é simbolizada pelo colo, a função paterna é "tirar" do colo e ajudá-lo a prosseguir por seus próprios meios estrada à fora. Por isto que se diz que o papel paterno é dessimbiotizante, ou seja, se entrepor psicologicamente entre o filho e a mãe, dando curso ao processo de individuação da criança em crescimento.
Confuso? Então, mais adiante, em outra aula, aprofundaremos o assunto.
PAPEL FILIAL
É o papel centrado na dependência relacionada a prematuridade inicial do recém-nascido, pois este depende absolutamente de um outro para sobreviver. Quanto mais o filho cresce menos ele vai dependendo dos pais. O processo de individuação se faz assim da dependência absoluta, passando pela dependência relativa, rumo a independência.
PAPEL FRATERNO
Havendo irmãos surge na família nuclear o papel fraterno. O mesmo é vivido na polaridade e antagonismo entre solidariedade e rivalidade. Com o tempo o termo fraterno foi sendo higienizado dos seus aspectos rivalizantes, e sendo destacado tão somente a solidariedade. Porém, ser irmão implica, também, disputas, entre elas a preferência e o amor dos pais.
Para leitura sobre o assunto sugerimos o capítulo dois do livro FAMÍLIA HOJE, de Luiz Carlos Osório, cujo título é "O que é família, afinal", bem como o texto publicado na revista Psicologia: Teoria e Pesquisa (mai-ago/2005), com o título "Compartilhar Tarefas? Papéis e Funções de Pai e Mãe na Família Contemporânea", que pode ser linkado em http://www.scielo.br/pdf/ptp/v21n2/a08v21n2.pdf/
E para quem quer um pouco mais de aprofundamento, sugerimos a leitura da dissertação abaixo:
http://www.webposgrad.propp.ufu.br/ppg/producao_anexos/014_Maria%20Luiza%20Soares%20Ferreira%20Borges.pdf
E para quem quer um pouco mais de aprofundamento, sugerimos a leitura da dissertação abaixo:
http://www.webposgrad.propp.ufu.br/ppg/producao_anexos/014_Maria%20Luiza%20Soares%20Ferreira%20Borges.pdf
Joaquim Cesário de Mello
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