As Fúrias da mitologia romana são as Erínias da mitologia grega. E quem são as Erínias ou as Fúrias? São três irmãs que no imaginário do passado personificavam a vingança. Se no conjunto mítico dos longínquos antepassados dos nossos mais distantes avós Nêmesis era a deusa que punia os deuses, quem nos punia (meros mortais humanos) eram as Erínias filhas de Nix (a deusa da noite), portanto, são divindades cosmogônicas, ou seja, que estão na origem do universo e são anteriores a Zeus que representava o mantenedor da ordem e da justiça. Isso talvez explique porque a justiça das Erínias seja tão brutalmente severa, marcada apenas e tão somente pelo sedento sangue da forra e da vindita. Não é à toa que ela eram chamadas de "deusas infernais" e eram muitas vezes retratadas como mulheres aladas com asas de morcego e cabelos de serpente. Em seus olhos escorriam sangue em vez de lágrimas e empunhavam chicotes, e estavam sempre atrás dos infratores morais e dos desviantes das convenções e dos formalismos. Ai quem delas fossem vítimas de suas vinganças e castigos!
Eram três as irmãs, a saber:
Alecto, a implacável;
Megera, a ciumenta, a invejosa e a rancora;
Tísifone, a vingadora.
Em Teogonia: a origem dos deuses do poeta grego Hesíodo, que viveu entre 750-650 a.C., as Erínias são originárias do esperma e do sangue de Urano sob Gaia quando este é castrado por Cronos. Para Hesíodo enquanto das espumas do mar brota Afrodite (deusa do amor e da beleza) do sangue jorrado sob a terra brotam as Erínias. Escreveu Hesíodo: "as Erínias vêm do sangue que se derruba no chão como Afrodite vem do esperma que docemente boia no Mar. As Erínias vingadoras de todas as transgressões têm uma natureza ctônica e próxima da Terra tanto quanto Afrodite cheia de sorrisos e de enganos tem a natureza mutável a manhosa como a do Mar". Por este ângulo interpretativo percebe-se a gemelaridade entre Afrodite e as Erínias, sendo elas representantes dos dois lados de uma mesma moeda.
Joaquim Cesário de Mello
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