domingo, 2 de julho de 2017

PETER PAN: A JUVENTUDE EXAUSTIVA




               

            No começo dos anos 80 um livro fez sucesso. Do escritor e psicólogo americano Dan Killey, o seu livro “A síndrome de Peter Pan” gerou uma onda de livros pop-psicológicos.  Embora não conste dos manuais de diagnósticos, a ideia da síndrome de Peter Pan abre espaço para boas discussões.  Vejamos.
                 Peter Pan é um personagem da literatura infanto-juvenil criado pelo escritor e dramaturgo James M. Barrie. Ao contrários das demais crianças, Peter Pan jamais cresce e mora num lugar chamado “Terra do Nunca” com seus amiguinhos e a fada Sininho, onde vive aventuras mágicas. O personagem de Peter Pan foi criado em história que Barrie contava aos filhos de sua amiga Sylvia Davies. A história é relatada no filme “Em Busca da Terra do Nunca”, dirigido por Marc Forster (mesmo diretor do tocante “A Última Ceia”) e estrelado por Johnny Depp (trailer abaixo):


              A utilização da metáfora síndrome de Peter Pan é feita pelo livro para falar de adultos que teimam em continuar crianças e continuam a se comportar como se não fossem responsáveis pelos seus atos e comportamentos. No negar-se a crescer se oculta uma profunda imaturidade emocional, aliada a insegurança e a necessidade narcísica de ser aceito e amado por todos. Por detrás, por exemplo, de condutas arrogantes encontra-se um pequeno ser frágil, vulnerável, indeciso, tímido e hesitante. Vivem, muitas vezes, em uma idealizada juventude que não conseguem deixar, têm medo da solidão e possuem baixa autoestima.  Geralmente irresponsáveis, com dificuldade de darem continuidade a compromissos afetivos, e dependentes emocionais e às vezes até material e financeiramente. Parecem viverem festivamente em uma ilusória “Terra do Nunca” onde os garotos/garotas nunca envelhecem. A vida lhes é como uma interminável festa, regada a álcool, baladas, sexo e rock and roll.  
                Todavia a Terra do Nunca é exatamente um lugar de infindáveis e incontáveis aventuras que nunca acabam porque não se está plenamente satisfeito e sempre se busca algo e algo mais e algo mais e mais ainda... É como certa vez falou o físico Albert Einstein, insanidade é fazer sempre a mesma coisa e esperar resultados diferentes" E é por isso que o personagem de Peter Pan diz a Wendy:”. De todas as ilhas aprazíveis, a Terra do Nunca é a mais aconchegante e a mais compacta, nem grande nem esparramada, com cansativas distâncias entre uma aventura e outra, mas com tudo maravilhosamente apinhado.. Lindo se fosse realidade, pois a vida, a vida mesmo tem lá suas alegrias e fanfarras, mas também tem seus dessabores e seus dramas. É preciso vivê-la como ela é, e para isto é necessário enfrentá-la até para tentar mudá-la no que for possível mudar.
Não é difícil identificar um adulto adolescente. Frequentemente é procrastinador, evita responsabilidades, vive ansioso e cronicamente insatisfeito, egocêntrico, acha que está no direito de que a vida lhe dê o que querem, sem muito batalhar para tal. Parecem viverem em muito de sonhos imaginários e fantásticos, onde tudo para ele é possível. Mas a existência nunca é como gostariam que fosse, e vivem em continua desilusão, o que lhes alimenta ainda mais a insatisfação, embora não tome iniciativas para reverter o quadro ou a situação.                

Resultado de imagem para peter pan    A eterna juventude que aí se busca é uma juventude fútil, estéril e infantilizada, e não a juventude que como escrevia o dramaturgo e poeta francês Paul Claudel, “a juventude não foi feita para o prazer, mas para o desafio”. Senão ficaremos naquilo que também escreveu o psicólogo americano William James:Faça com que as coisas aconteçam. Nada é mais exaustivo do que a eterna pendência de uma tarefa incompleta”.


Joaquim Cesário de Mello


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