AURIS NESCIUS
OU
BEÓCIOS & PAPALVOS
Quer parecer sabido e erudito frente aos demais?,então lembre-se do dito popular que diz que em terra de cego que tem olho é rei. Como muitas vezes á fácil enganar a plebe não se precisa de olho, mas sim de um palavreado rocambolesco e pseudo-erudito. Assim vejamos como é chic e aparentemente profundo tal assertiva:
“No
drama da relação do eu com o ele o sujeito da mimese frente a um só parceiro de
si mesmo é constituído pela antinomia do assexuado e do polissexuado. Dentro do
caracterológico de onde se desenvolve a duplicidade especular tem-se a
polifonia intersubjetiva entre a alegoria com que se reveste o adstrito e sua
imagem invertida. O escutante recusa-se, assim, o seu lugar de demandado
propondo em troca a interrogação aberturizante da demanda do Outro. Com isto
adentra-se ao fundamental do fundamentado e aponta a não alienação ante o
incoercível e envolvente tormento das palavras ante a falaz estabilidade
medusiante da narrativa de uma linguagem que se constrói como só sua. E nesta
carência de efeito metafórico provoca-se um furo na significação fálica e a verwerfung transmuta-se em uma
foraclusão do significante. Por isto convém auscultar aquele que fala, quando
se trata de uma mensagem que não provém do sujeito para-além da linguagem, mas
de uma retórica visceral que representa e é acima de tudo uma fala para-além do
sujeito discursivo”.
Não
entendeu? Nós muito menos. Todavia o Literalpédia buscará ajudar quem necessita
do recurso palavroseante para se aparentar sábio, dando alguns termos que
quando bem usados fará do seu discurso um sucesso. Vamos lá, portanto:
Dasein = o ser-aí ou o ser-no-mundo
(Heidegger). Pronuncia-se: "de-se, ein?".
Eidética = Doutrina da essência geral,
abstrata, das coisas; dos significados ideais; do "ser assim" em
contraste ao "ser" simplesmente. O problema em usar tal termo é alguém entender como algo relacionado a AIDS.
Infinitesimal = extremamente pequeno (assim como a bagagem léxica e cultural de quem perde tempo ouvindo discurso impregnado de imposturas intelectuais)
Neuroetologia: disciplina científica que faz
uma aproximação evolutiva e comparativa ao estudo do comportamento animal e do
seu controle pelo sistema nervoso. Normalmente quando dizemos que algo é científico a coisa fica com ar de mais séria.
Etológico: Etologia significa estudo do
comportamento animal (não confundir com o estudo dos tolos).
Imprinting: aprendizagem que ocorre em uma
determinada fase da vida (obs: o povão adora palavra em inglês).
Das ding: “Ainda que não seja representável, das
Ding é aquilo em torno de que se constituirão todas as representações. É nessa
irrepresentabilidade de das Ding, ou na morte da Coisa, que reside a
possibilidade de representar, no sentido de tornar novamente presente algo que
foi irremediavelmente perdido”. Entenderam? Então nos explique que nós não
entendemos bulhufas.
Glossário = espécie de dicionário. Se fosse Cebolinha falando seria "uma coisa grossa".
Hermenêutica: interpretação de texto. É necessário a hermenêutica da hermenêutica.
Imanência: inerente, perdurável,
permanente, assim como a imbecilidade humana.
Antinomia: contradição entre dois
princípios, como por exemplo os princípios do LiteralMENTE x Literalpédia.
Escopo: Não, não é um copo que deixou de ser copo. Significa propósito, objetivo.
Episteme: Não se trata de creme para pele, mas sim conhecimento baseado na
observação experimental.
Prosopopéia: Figura de linguagem que atribui
características humanas a outros seres ou coisas inanimadas, como o Bob Esponja acima.
Fenecer: é mais erudito do que
simplesmente dizer “morrer”.
Prescrutar: procurar, revirar (cuidado
apenas para ao falar a palavra não enrolar a língua, pois pega mal).
Anacrônico: antiquado. Lembre-se que
antiquado vale muito, ao contrário de velho que num vale nada (os autores do
Literalpédia, por exemplo, estão ficando cada vez mais antiquados).
Lagestätten: tem a
ver com armazenamento, preservação ou algo que o valha. Dizem que a melhor
forma de falar “lagestätten” é colocando um ovo cozido bem quente na boca e
dizer “large o tatá”.
Niilismo: esta é batata: o pessoal num
entende nada.
Platônico: é sempre chic dizer que alguma
coisa é platônica, embora Platão nunca tenha sequer feito menção.
A priori, a posteriori: tem de usar, não importa se
será a priori ou a posteriori.
Abissalpelágico: tem a ver com profundidade
oceânica. Talvez dê pra usar pra falar da profundidade da alma. Vai ficar
profundo.
Plactônico: termo advindo da ecologia. O
que tem a ver com psicologia não sabemos, mas se dê pra falar fale. Pode ser
que alguém entenda que se refere a Platão.
Logorréia: parece nome de doença venérea.
Dependendo da plateia é melhor não usar.
Pré-socraticamente falando tudo
que é sólido se desmancha no ar: expressão bombástica e impactante, Agora, o que
Karl Marx tem a ver com os pré-socráticos é outra história.
Incólume: arrume uma brecha no discurso
para por incólume e você sairá incólume da palestra.
“Anorexia do desejo”: colocamos no Google entre aspas
e não apareceu nada.
Indelével = indestrutível.
Sub-reptício: tem nego que adora, porém se
faz necessário deixar claro que nun tem nada a ver com cobra, lagartixa,
calango, minhoca e outros répteis.
Efêmero: fugaz (num sabe que é fugaz?
Então vá ao dicionário. Depois aproveite e use fugaz em frases tipo: a
efemeridade fugaz da vida).
Solilóquio: que significa exatamente o que
um palestrante faz quando utiliza de tais palavras.
Inócuo: mesmo que seja uma palavra inofensiva,
usar inócuo dá uma profundidade superficial interessante.
Supérfluo: desnecessário e dispensável
alertar que não tem relação com pasta dental.
Nefando: abominável e execrável como um
discurso que usa nefando.
Perscrutar: fica bem bonito usar em
expressões como “perscrutar a alma humana”.
Loquaz: facundo, gárrulo, palrador, verboso
(os sinônimos são até mais loquazes)
Sinecura: se o expectador for metido a
erudito talvez traduza como: sem (sine) cura.
Tumissência: termo inventado pelo
Literalpédia, ainda sem definição ou sinônimo. Aceitamos sugestões.
E
antes de encerrarmos nossa verborrágica erudição inútil. Não esqueçamos que
utilizar latim dá charme e distinção a qualquer transcursão o altitudo! Que tal, pois: “Vóbis (vós) ne quiedem (sequer)
animum adverto (notam) quae (que) sum (estão) stuitus (bobos). Solum (apenas)
mentiri dicere quisquam (qualquer coisa) difficilis que docens se fieri
(transformar) in sapiens. Quid inde (então), obliviscor (esqueçam) ea (o) quae
(que) magister dixit (mestre falou).
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