POUCA POESIA
ALGO EM MIM...
Algo em mim não tem tempo
nem sequer sabe dos relógios e calendários.
Algo em mim é histérico e sem nome
que moldou este rosto que trago
e se apresenta
frente aos espelhos
dos banheiros e da casa.
Algo em mim estala quando me sento
range, ruge e geme
e preserva a mesma fome
do garoto e do rapaz.
Algo em mim desperta quando durmo
ou quando às vezes choro
e que olha o mundo
com olhos de lá de trás.
Algo em mim é além de mim
e que aqui já estava
muito antes do dia em que
me batizaram de simplesmente
Joaquim.
Algo em mim...
NEMÉSIS
Meus pais e minha
infância habitam
e que ninguém mais
herdará,
assim como breve estarei
nos retratos de
minha filha.
O que seria da
eternidade
se não fosse a
fotografia?
PEQUENO POEMINHA INFANTIL
Da janela do teu quarto, menino,
Olhas à noite as estrelas
Que te acenam sorrisos de luz
E junto com a lua cheia
Espantam fantasmas e bruxas
Enquanto os pais dormem
No cômodo ao lado teu.
POEMA
INACABADO
Quando me fizestes
senhor de minhas memórias,
não sabias que logo
me esqueceria de ti.
Quando
me fizestes
não
a tua imagem e semelhança,
mas
um rosto inusitado
em
meio a multidões inusitadas,
não
sabias que te viraria a face
e à
esquerda olharia a ausência
de
tua sombra à direita.
Quando
me destes voz
e
enxertastes palavras
em
minha boca virgem,
não
sabias que me calaria
e te renegaria o verbo
de
onde um dia nasci.
...
Joaquim Cesário de Mello
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