O encontro de Eva, uma pacata mulher jovem de meia-idade que vive há muitos anos casada no interior da Suécia, com sua mãe narcisista Charlote,
famosa pianista que há anos não vê sua filha, é um verdadeiro embate entre duas
almas sofridas e inexoravelmente ligadas pelo passado infanto-primaveril de Eva
e a plenitude artística e juvenil de sua mãe. Uma relação aparentemente pacata
que ao longo dos anos esconde sobre camadas de conformidades sociais um enorme
buraco impregnado de rancor, azedume, tristeza profunda e muito, muito fel por
parte de Eva em relação à sua mãe emocionalmente distante.
SONATA DE OUTONO é uma verdadeira autópsia de uma relação mãe-filha, uma relação que pode ser descrita, nos termos de Lacan, como um vínculo de amódio (amor e ódio). No dissecar dessa relação é impossível ao espectador não sentir em suas entranhas ecos possíveis e análogos que trazemos no interior mais interior de nossas almas.
Infelizmente SONATA DE OUTONO não parece disponível
gratuitamente nos youtubes da vida (pode até ser que exista, porém não
encontrei), todavia o mesmo pode ser encontrado nos sites TELECINEPLAY (https://www.telecineplay.com.br/filme/Sonata_De_Outono_8550)
e FILMIN (https://www.filmin.pt/filme/sonata-de-outono).
Não obstante, deixamos, abaixo, dois significativos momentos clímax
do filme. O primeiro é o sutil diálogo e colisão através da Sonata Prelúdio op.
28 n°2 de Chopin, em que ambas, mãe e filha, tocam individualmente ao piano, Atentar para o
portentoso e expressivo olhar de Eva (a atriz Liv Ullmann) sobre sua mãe (a
atriz Ingrid Bergman). Uma das cenas mais dramaticamente bem representada e
tocante da história do cinema. Como se diz no popular, os olhos são a janela da alma.
O segundo trecho retrata o momento que, de madrugada,
ambas se encontram na cozinha, e, insones, passam a beber vinho e cada vez mais
Eva se revela à mãe.
Olhem, apreciem, escutem, sintam, degustem essa sensível
e impressionante obra fílmica que nos revela o pulsar oculto da psique humana.
TRAILER OFICIAL DO FILME:
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