A poesia portuguesa não é só feita de Fernando Pessoa e Camões. Há também Florbela Espanca, Gil Vicente, Antero de Quintal, Cesário Verde, Antonio Aleixo, Maria Teresa Horta e tantos outros mais. Entre eles um bem se destaca: Mário de Sá-Carneiro, contemporâneo de Pessoa com quem, inclusive, manteve correspondência e se chamavam irmãos-de-alma. Sá-Carneiro teve vida breve, viveu apenas 26 anos, quando, em abril de 1916, tirou sua sua própria vida. Poeta modernista, foi (e é) um dos grandes expoentes da poesia de língua portuguesa. Sua obra se encontra digitalizada pela Biblioteca Nacional de Portugal, vide http://purl.pt/index/livro/aut/PT/10405_P1.html.
Para este pálido domingo de julho trago versos avulsos desse poeta, para quem sempre faltava um pouco de azul.
Nada me expira já, nada me vive ---
Nem a tristeza nem as horas belas.
De as não ter e de nunca vir a tê-las,
Fartam-me até as coisas que não tive.
(Além-tédio)
Eu não sou eu nem sou o outro,
Sou qualquer coisa de intermédio:
Pilar da ponte de tédio
Que vai de mim para o Outro.
(7)
Um pouco mais de sol - eu era brasa,
Um pouco mais de azul - eu era além.
Para atingir, faltou-me um golpe de asa...
Se ao menos eu permanecesse aquém...
Um pouco mais de azul - eu era além.
Para atingir, faltou-me um golpe de asa...
Se ao menos eu permanecesse aquém...
(Quase)
(Ângulo)
Perdi-me dentro de mim
Porque eu era labirinto
E hoje, quando me sinto.
É com saudades de mim.
E hoje, quando me sinto.
É com saudades de mim.
(Dispersão)
Joaquim Cesário de Mello
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