domingo, 7 de maio de 2017

A ESCRITA DO TEMPO

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Meu fascínio pela História vem de longa data, desde que comecei a ler. Lembro que meu primeiro livro foi sobre os grandes inventores da humanidade de onde recordo-me de nomes como Arquimedes, Pasteur, Thomas Edison. Os processos e eventos ocorridos no passado - remoto ou recente - não me é somente fonte de conhecimentos e informações, mas sim também para a vida atual e a prática da mesma. Do ontem adquirimos sabedoria para lidar com o hoje e o amanhã. O filósofo, orador e político romano, Cícero, dizia "historia magistra vitae", isto é, a história é a mestra da vida. Do conhecimento histórico dos homens, das sociedades, da cultura e das civilizações, adquirimos elementos fundamentais para o agir e o existir nosso. É como escreveu o inglês George Orwell, "quem controla o passado, controla o futuro. Quem controla o presente, controla o passado". Através do tempo e o que nossos antepassado fizeram, pensaram e sentiram, podemos melhor entender o nosso ser e o nosso hoje e agora.
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De uns anos pra cá tenho me dedicado a ler e pesquisar mais pela história política. As tramas, os jogos palacianos, as urdiduras, as costuras e acordos, as traições, a linguagem do poder e os meandros daquilo que dá suporte ao mundo humano: a política. Política não é apenas governança de uma nação ou Estado, porém é também a arte da negociação e do conflitos de interesses. Aprender sobre política com a História é descortinar o palco onde se desenrolou e onde se desenrola o teatro político.
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Quando da queda do muro de Berlim e da dissolução da URSS o cientista político americano Francis Fukuyama decretou o que ele mesmo denominou de "o fim da História", algo celebrativo sobre o fim da guerra fria e a vitória, para ele definitiva, do modelo democrático sobre o modelo totalitário. Controvérsias e contstações à parte, a História continua, afinal o ser humano é perpetuamente um ser sonhador e, como diz o filósofo alemão Shopenhauer, "o que a história conta não passa do longo sonho, do pesadelo espesso e confuso da humanidade".
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Política, poder, Estado, sociedade são temas entrelaçados. Maquiavel, conhecido como o pai da ciência política moderna, destacava a política como um conjunto de estratégias, manejos e ações com fins a serem conquistados. Alguém já disse que política é a arte de ocupação de espaços. Maquiavel em pleno Renascimento afirmava que "todos vêm o que você parece ser, mas poucos sabem o que você realmente é". As sociedades - principalmente as democráticas - são constituídas de grupos sociais e atores políticos. Em uma sociedade diversificada como a nossa é comum e normal o conflito de interesses entre os vários grupos sociais que a compõe, razão pela qual defini-se atores políticos como as partes envolvidas nos conflitos. Na política, mais do que o interesse individual, o que se está em jogo são os interesses de grupos expressados pela ações de indivíduos. Vem de Maquiavel talvez a sua mais célebre frase: "os fins justificam os meios". 

Resultado de imagem para curso de históriaNão nego, reconheço: amo História. é importante conhecer o passado para não cometermos os mesmos erros no presente, ou ao menos sabermos melhor lidar com eles caso se repitam. Aliás, o embate entre recordar x repetir encontra eco na obra de Freud. Vive o homem em sua neurose o fenômeno da compulsão à repetição. Todos temos padrões de repetição, muitas vezes até danosos e na maioria irracionais. Se Freud estiver certo quanto a psiquê humana e sua tendência compulsiva a se repetir, então a coletividade (composta de indivíduos humanos) também haverá a tender a se repetir. Vide o conceito de Hegel da História como uma espiral. 
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Leio História. Estudo História. Vivo histórias. Faço história. Sou, somos, filhos da História. Direta ou indiretamente o passado influencia o presente e o futuro. Atrai-me saber não simplesmente de fatos, datas, eventos e acontecimentos; todavia deleito-me e aprendo conhecer e compreender o microcosmo da vida privada e da vida cotidiana, a história das mentalidades e das ideias, a verdadeira existência mundana e suas vicissitudes por detrás das paredes, das portas e dos muros, o silêncio das clausuras. A respeito disso são imbatíveis livros como "A História da Vida Privada" (em cinco volumes), de Philippe Ariès e Georges Duby; e "Homens e Mulheres da Idade Média", de Jacques Le Goff.
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Além dos livros, os filmes e séries televisivas são fontes que podem ser interessantes. Séries baseadas em fatos e/ou períodos históricos, mesmos que em parte ficcionados, merecem atenção, tais como: "The Borgias", "A Formação do Império Romano", "Reign", "Wolf Hall", "Roma", "Boardwalk Empire", entre outros. Até mesmo séries fictícias propriamente ditas, mas com forte cunho em dramas políticos da vida real, também instiga nosso olhar sobre os meandros do poder, exemplo: "House of Cards", "Boss" e "Newsroom". O cinema igualmente não fica atrás. Merecem destaques "Todos os Homens do Presidente", e "Boa Noite e Boa Sorte", só pra ficar em dois.

Resultado de imagem para históriaDiz Karl Jaspers "nenhuma realidade é mais essencial para a nossa autocertificação do que a história"Não se conhece quem somos sem se conhecer nossa história.  Olhar a história é uma forma de olhar o futuro olhando para trás. Concordo com o quem dizia o poeta francês Paul Valery, "nada, na história, serve para ensinar aos homens a possibilidade de viverem em paz. É o ensino oposto que dela se destaca - e se faz acreditar". Olhando, portanto, para trás quero ir além. Não me quero, como citava F. Pessoa, procurar quem me escreva a história de quem podia ter sido. Quero ser quem me supus ser. Talvez, mesmo assim, quem sabe, não termine sendo aquele quem falhou ser? Porém persisto e insisto: se não conheço que me anteviu, como conhecerei o que me virá?  Ou como afirmava Gandhi "Se queremos progredir, não devemos repetir a história, mas fazer uma história nova".


Joaquim Cesário de Mello

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