Muito já se falou da influência das redes sociais em diversos
segmentos da sociedade. há um certo encantamento e, eventualmente, um
entusiasmo, nesses dizeres, principalmente porque essas ferramentas
trazem tecnologias de informação instantânea com rápida propagação de
notícias, de aproximação virtual entre pessoas e grupos - mesmo que em
grandes distâncias geográficas reais – e , entre outros, por dar “um
novo formato ao sujeito” que, dentro desse modelo, se torna uma
pequena celebridade, portanto mais influente na mídia. Obviamente que
ferramentas como essas trazem vantagens e desvantagens. Avança-se com
ela no tempo – no tempo imediato – , no espaço e no sentimentos gregário
de uma grande aldeia – supõe-se que desse modo, o mundo ficaria mais
democrático, mais opinativo e mais igualitário. Os pessimistas, aqueles
que destacam as desvantagens, assistem esses avanços com desconfiança,
focam mais na falta de privacidade, na vida excessiva e
desnecessariamente exposta e nos monitoramentos – inclusive na
espionagem de Estado, como foi recentemente divulgada
A
cada dia surge uma ou outra novidade que traz comentários do poder
transformador das redes sociais, aqui, contudo, darei foco a uma de
suas novidades que, talvez, menos surpreenda. A novidade? O ser humano
continua – parafraseando Nietzsche – demasiadamente humano, tanto
quanto em outros momentos da história. A diferença é não sabíamos que
era tão demasiado assim. A forma explicita como as pessoas emitem
opiniões mostra exatamente isso. Alguns pensamentos que julgamos
repulsivas são lugares comuns nessas redes – e além disso, criam
seguidores, as vezes centenas de milhares de replicadores. Sao
pensamentos, rasteiros, odiosos, vingativos, voluntariosos, com cunho
facistas, nazistas – hoje posso compreender que alguns povos foram
tolerantes com o holocausto porque de certo modo, na opinião própria,
partilhavam de suas ideias. O filme cult “a Onda” podem bem
representar e antecipar essa tendência ao contágio e adesão as ideias
rateiras. Esse sujeito em demasia é em função do seu narcisismo,
totalitário – esqueçam de que o status de ser de direita ou de
esquerda o fazem melhores. Na verdade esses sujeitos, não tem
ideologias, torcem por suas ideias com a mesma convicção de quem torce
por time de futebol.
O período eleitoral pós
afirmou esse forma de funcionar. Observa-se disputas passionais as mais
absurdas de ambos os lados. Acusações infundadas, preconceituosas,
grotescas, mal educadas. A má educação, por sinal, é quem vem ditando
moda nas redes sociais desde que foram criadas. Uma pergunta que sempre
se faz questiona se as redes provocam essa incontinência verbal. Sim e
não.
O filósofo Luiz Felipe
Pondé afirma em tom irônico que algumas pessoas jamais deveriam trazer
suas opiniões a público, e diz que as redes sociais possibilitaram o
dizer irresponsável e descabido. Com essa afirmação, penso, inclui-se as
duas respostas a pergunta acima. O sujeito demasiadamente humano sempre
existiu, está não apenas do nosso país, mas em todo mundo, na nossa
comunidade, ao nosso lado. Está, enfim, dentro de nós. Estamos na
dialética da realização do desejos e do seu impedimento, estabelecemos
contratos frágeis que precisam ser reiterados, retificados e modificados
a todo momento em função do algo transgressor que há em todo sujeito.
Leis precisam ser escritas e reescritas, destacadas para que todos
possam ver. Esse ser em demasia é justamente esse ser se educa pelo
frustração e pela dor e se gratifica com muito pouco. A essa
gratificação alguns chamam de felicidade. As redes sociais criam um
espaço ilusório de liberdade de expressão, que na verdade são dizeres
muitas vezes infantis. E para aqueles que acreditam que a infantilidade
tornaria a humanidade melhor justamente pela ingenuidade sugiro que
leiam “O senhor das Moscas” livro clássico da literatura escrito por
William Golding
Marcos Creder
Nenhum comentário:
Postar um comentário