Black Mirror traduzindo significa "espelho negro". Como diz o criador da série, Charlie Brooker, "espelho negro do título é aquele que você irá encontrar em cada parede, em cada mesa, na palma de cada mão: a fria e brilhante tela de um TV, monitor, smartphone". Como diz a jornalista de O Globo, Patrícia Kogut, Black Mirror é uma fábula do século XXI. Cada capítulo é um conto, uma história independe, cujo clima fabular e um tanto debochado satiriza os tempos atuais e a nossa techno-dependência. O futuro - que já aparece agora - não se apresenta tão brilhante e promissor, porém escuro e negro como as telas apagadas de um computador.
Uma outra faceta que a série explora, por detrás de tanta tecnologia high-tech, é a natureza humana em seus aspectos mais inglórios. Voyeurismo, perversões, narcisismos, egoísmos, exibicionismos, depravações, desumanidades, indiferenças e falta de humildade, humilhações - um verdadeiro desfilar do que é capaz o ser humano quando a solidariedade e o verniz social é deixado de lado. O primeiro capítulo (O Hino Nacional) é tanto exemplar quanto antológico. Trata-se do sequestro da princesa da Inglaterra cuja única condição para que ela não seja morta é o primeiro-ministro transar ao vivo, em rede nacional, com uma porca. Perturbador não é o inusitado da condição do resgate, mas sim a reação dos telespectadores que, mesmo alguns enojados e repugnados, não descolam o olhar da tela. A maioria, inclusive, sadicamente se diverte.
Desconcertante e incômodo, Black Mirror nos faz temer nosso futuro. O estilo ficção científica mormente tem essa função: o que nos espera amanhã? A literatura e o cinema muito explorou, e continua explorando o assunto, em livros e filmes como: Homem Bicentenário, 2001: Uma Odisseia no Espaço, Gattaca, Eu Robô, Minority Report, Admirável Mundo Novo, Matrix, A Origem, Laranja Mecânica, Metrópolis, Blade Runner, entre tantos outros. O seriado em questão segue a linha da distopia tecnológica, do tipo high tech, low life. Por detrás da vida linear que a tecnologia proporciona habita uma existência ameaçadoramente caótica e humanamente fria e maldosa. Cada capítulo de Black Mirror é uma janela para o subjacente das coisas, até as mais prosaicas que executamos e vivenciamos em nossos cotidianos medíocres.
"Há uma quinta dimensão além daquelas conhecidas pelo Homem. É uma dimensão tão vasta quanto o espaço e tão desprovida de tempo quanto o infinito. É o espaço intermediário entre a luz e a sombra, entre a ciência e a superstição; e se encontra entre o abismo dos temores do Homem e o cume dos seus conhecimentos. É a dimensão da fantasia. Uma região Além da Imaginação." Era assim que se iniciava cada episódio da série Além da Imaginação (Twilight Zone). Twilight Zone (que foi ao ar entre 1959 e 1964) maravilhou toda uma geração com sua inquietante mistura de fantasia e absurdo. Precursor de Black Mirror, ambos nos dão indicações que o amanhã tão ansiado pode não ser o sonho esperado, mas sim um interminável pesadelo cujas raízes estão aqui ao alcance das pontas dos dedos e frente às telas negras dos nossos não tão inofensivos aparelhos. Tenham cuidado com seus smartphones.
Desconcertante e incômodo, Black Mirror nos faz temer nosso futuro. O estilo ficção científica mormente tem essa função: o que nos espera amanhã? A literatura e o cinema muito explorou, e continua explorando o assunto, em livros e filmes como: Homem Bicentenário, 2001: Uma Odisseia no Espaço, Gattaca, Eu Robô, Minority Report, Admirável Mundo Novo, Matrix, A Origem, Laranja Mecânica, Metrópolis, Blade Runner, entre tantos outros. O seriado em questão segue a linha da distopia tecnológica, do tipo high tech, low life. Por detrás da vida linear que a tecnologia proporciona habita uma existência ameaçadoramente caótica e humanamente fria e maldosa. Cada capítulo de Black Mirror é uma janela para o subjacente das coisas, até as mais prosaicas que executamos e vivenciamos em nossos cotidianos medíocres.
"Há uma quinta dimensão além daquelas conhecidas pelo Homem. É uma dimensão tão vasta quanto o espaço e tão desprovida de tempo quanto o infinito. É o espaço intermediário entre a luz e a sombra, entre a ciência e a superstição; e se encontra entre o abismo dos temores do Homem e o cume dos seus conhecimentos. É a dimensão da fantasia. Uma região Além da Imaginação." Era assim que se iniciava cada episódio da série Além da Imaginação (Twilight Zone). Twilight Zone (que foi ao ar entre 1959 e 1964) maravilhou toda uma geração com sua inquietante mistura de fantasia e absurdo. Precursor de Black Mirror, ambos nos dão indicações que o amanhã tão ansiado pode não ser o sonho esperado, mas sim um interminável pesadelo cujas raízes estão aqui ao alcance das pontas dos dedos e frente às telas negras dos nossos não tão inofensivos aparelhos. Tenham cuidado com seus smartphones.
Joaquim Cesário de Mello
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