Atores: O Preço da
Entrada
(a pretexto de um filme - A Sociedade
dos Poetas Mortos )
Eles vão ao cinema ( muita gente vai ).
Eles fazem fila, ainda mais agora que aquele filme tinha boa cotação no Oscar.
Diante da cena , na tela, emocionam-se, torcem e se identificam com os personagens daquele tradicional colégio .
Choca-lhes o autoritarismo .
Da poltrona, revoltam-se contra a inércia ali mostrada . E aplaudem o que é, ou deveria ser essencialmente humano: O tempo inútil da poesia, a emoção, a libertação intrinsecamente subversiva.
Independentemente do tempo que se passou em suas vidas, mais antigos ou mais
jovens, voltam pra casa, satisfeitos, aliviados pelo exercício de criação, algo
assim como... mediante a torcida... a assistência, a plateia também tivesse a
participação, a solidariedade, a ação .
Voltam pra casa talvez até um pouco pensativos e filosofantes, ou dão mais uma esticada na churrascaria, no bar da moda, no motel.
Programados, regrados, comedidos, sensatos, mesmo nos instantes de descontração e trocas outras - a "liberdade com responsabilidade", a "ordem e o progresso", também aqui se encaixam como sínteses pra justificar o conformismo e os empobrecimentos dos nossos pequenos gestos de cada dia .
Os trajes e trejeitos, os regulamentos, as rotinas, desde as tradições seculares que normatizam relações pessoais, o corpo e o coração ( às vezes - ou quase sempre ?... - prostituindo sentimentos e desejos), ao modismo pseudo-contestador do brinco do "louco", ou da calcinha na bunda empinadinha da gata: Esse culto à aparência, à forma e à farsa, ao objeto, cujo consumo tão disputado traz também o risco da própria objetificação.
E ‘dê-lhe’ justificativas - ou tentativas de... - pra que a harmonia, e a
segurança, e o realismo, sirvam de capa à covardia, e ao medo, e à morte, num
lugar onde os poetas, os contestadores, os sonhadores, são aceitos, são
benvindos, sim:
Mas na vitrine, na tela, no romance.
Ou num pequeno espaço que se lhes conceda como que para compor uma imagem de liberalidade, de tolerância, de bom-tom.
Naquela forma de exceção que confirma e reforça a regra no nosso cotidiano.
_Humberto_Cavalcanti
Mas na vitrine, na tela, no romance.
Ou num pequeno espaço que se lhes conceda como que para compor uma imagem de liberalidade, de tolerância, de bom-tom.
Naquela forma de exceção que confirma e reforça a regra no nosso cotidiano.
_Humberto_Cavalcanti
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