PAPO DE VÉIO
SERÁ UMA VEZ...
(Marcos): E aí meu chapa, firme na paçoca?
(Joaquim): Tudo magiclick,
tinindo. Mas que cara é essa? Tás boroxoxo?
(Marcos): Podes crer. Tô meio jururu, mas tô mais mesmo é
estrompado.
(Joaquim): Carambola! E aí bicho que houve? Tu não tava na
casa do teu neto?
(Marcos): Pois é. Tenho um babado pra te contar.
(Joaquim): adoro uma tricotagem.
(Marcos) Meu neto decidiu fazer um assustado ontem à noite,
e pintou toda a patota dele.
(Joaquim): Então foi batuta.
(Marcos): Era pra ser,
mas deu o maior sarrilho.
(Joaquim): Pombas, o que houve?
(Marcos): Deixa eu te contar: foi chegando uns brotos e uns
tremendões...
(Joaquim): Ôpa, ficastes Mandrake foi?
(Marcos): que é isso?, tu me conhece, sou barra limpa e sou
pra frente. Sei reconhecer um pão. Num baitolei não. Pega leve.
(Joaquim): Fica grilado não, tô zoando.
(Marcos): Tá, mas deixa eu contar. A casa virou um mundaréu
de gente. Tinha de tudo. Tinha gente transada, quadrada, boa pinta, tetéia, baranga, muita gente pá virada, tinha tudo
pra ser uma festa supimpa, um estouro. A comida, por exemplo, tava daki ó! Pense
num rega-bofe duka. O pessoal mesmo tava fazendo a xepa. O mulherio todo pintada, e além do mais tinha umas gangeririnas e uns birinaites legais. Tava tudo nos
trincs.
(Joaquim): Pô bicho, o que aconteceu então. Não tava tudo
tric tric?
(Marcos): Teiquirise, baixa a bola que eu vou abrir o jogo.
(Joaquim): É que eu num tô entendendo bulhufas.
(Marcos): Sussega o facho que eu te conto. Continuando: botaram
a bolacha e ligaram a vitrola e começou o iê-iê-iê. Eu estava só o pó, pois passei o dia
arrumando os cacaréus. Fiquei por ali meio que jiboiando e urubuservando. Pra
mim o forrobodó tava du perú e ia estourar a boca do balão. O pessoal tava
naquele maior ziriguidum. Tava maneiro paca. Eu fiquei ali tipo Geraldino e até
tava de olho num xuxu que nem me dava bola. Pense num violão. A mina era um colosso.
(Joaquim): Tava paquerando né?
(Marcos) ôxente, Joaquim, tu queria o que? Que eu ficasse
peruando as baiacus de praia? Tava ali pronto pra fazer um fiu-fiu pra ela.
(Joaquim): Tu é fogo na roupa, Marcos. Porém no final é necas
de pitibiriba.
(Marcos): Vai tomar no recu pedrobó, baixa a bola e deixa eu
contar. A coisa até aí tava jóia, mas de repente chegou um carango cantando
pneu. Desceu um cara com jeito de ser cheio do tutu e se achando o gás da coca,
o tampa de crusch. Já chegou pra lá de marrakesk, todo cheio de rebolado,
metido a balocobaco. Cá pensei com meus botões: esse cara vai querer botar a ripa
na chulipa. Chegou logo perto de um cara meio mocorongo, meio bocomoco, que
tava batendo um plá com uma garota papo firme. Ela era de parar o comércio. O
cara parecia embeiçado nela, mas era uma múmia paralítica. Sacou?
(Joaquim): saquei. No meu tempo sempre tinha uns xelelentos
assim que se acham o rei da cocada preta, mas na verdade é um uó do borogodó.
Já imagino que deu o maior bode.
(Marcos): E apois. O cara se aproximou da tetéia que era uma
belezura e chamou ela pra dançar. Ela recusou. Ele insistiu, ela recusou
novamente. O cara que era um chato de galocha não tomou simancol e continuou
forçando a barra e se dizendo o maior pé de valsa, tentando fazer a cabeça dela.
Aí a mina, irritada, disse “comigo não violão”, que num dançaria com ele nem
que a vaca tossisse e mandou ele pra tonga da milonga do cabuletê.
(Joaquim): Pombas! Pelas barbas do profeta! E aí?
(Marcos): Imagina o buruçu. O cara era um verdadeiro pangaré
e tava mamado paca. O goiaba do amigo da cocota, que parecia meio bocó, comprou
as dores e também mandou o cara catar coquinho.
(Joaquim): Pô que brocoió. Era pro cara ter dado uma de
perdido.
(Marcos): Pois é, mas foi o contrário. Eu pensei na hora: “ferrô”.
O boyzinho metido a bacana perdeu a linha e deu logo um pipoco nas fuças do
abilolado. Eu me fingi de planta e comecei sair na maciota. O negócio fedeu de
imediato. Tinha um brother do agredido que pirou na batatinha e partiu pra
cima. O cara era um galalau, um verdadeiro brucutu. Meteu-lhe uma burduada. Aí
o assustado deu um tilt e foi aquela fuzarca, o maior arranca rabo. Supapo pra
todo lado. A festa virou uma surubamba. Ninguém mais se ouvia naquela zumba de
gritos e zunzuns. Tava o maior escarcéu.
(Joaquim): Putz grila. É o fim da picada. E tu que
normalmente é um borra botas o que foi que tu fez?
(Marcos): eu azulei, né véio. Me piquei pro migué e me
tranquei lá.
(Joaquim): Pô meu, perdesse a treta cabulosa.
(Marcos): o danado é ter ficado lá trancado com duas bruacas
que eram um bagulho só. Antes fosse aquele avião que tava de olho.
(Joaquim): Ficastes com o Juvenal em riba?
(Marcos); caraio, meu! Vê onde fui amarrar meu bode. Num é
que aí a quenga da mocréia de uma delas soltou uma bufa que fedia mais que
gambá.
(Joaquim): Caramba, e aê meu rei?
(Marcos) Ficou uma
inhaca da bexiga lixa. Me apoquentei e queria subir pelas paredes. Num dava pra
picar a mula, pois lá fora o pau tava comendo solto. Ficamos todos ali
trancados com aquela catinga da desgraça. Era pior que bater em mãe em porta da
igreja. Ainda bem que logo ouvimos a sirene da rádio-patrulha. Abrimos a porta
e vimos os meganhas prendendo o bebum que gerou toda aquele pega pra capar.
(Joaquim):Bem, foi uma aventura boa pra dedéu.
(Marcos): Qualé? Tá pensando que berimbau é gaita é? Aquilo
foi um verdadeiro deus nos acuda. Morou?.
“Olha a janta!”, gritou como quem ordena a enfermeira. Ambos
e o os demais se encaminharam aos seus habituais lugares e silenciosamente
saborearam seus pratos de papa. Após os costumeiros boa-noites, todos se
recolheram em passos vagarosos aos seus quartos. E tanto Marcos quanto Joaquim
ficaram sonhando com balangadãs e brotos de quase um século atrás.
(originariamente publicado em 23/10/2012)
(originariamente publicado em 23/10/2012)
AMEI!!! Gargalhei muito!
ResponderExcluirGostaria de esquecer a imagem que veio à minha cabeça quando li esta parte: (Joaquim): Tu é fogo na roupa, Marcos. Porém no final é necas de pitibiriba.
ResponderExcluirAi ai, adorei, ri e num entendi metade, admito. E agora sempre que ver vocês juntos no pátio vou ficar pensando no que diabos estão falando e com que linguagem antiga e esquecida pelos séculos. :)
Putz grila!!!! Adorei o texto. Eu falava quase todas essas "gírias"! Ai ai!! Quantas lembranças!!! Ri pacas com o texto. Fechou de badoque a minha noite!!!
ResponderExcluir