O que governa a nossa vida? Para Emmet Fox é aquilo a que nós damos atenção. Mas damos atenção a tantas coisas, diriam alguns. Porém não damos, nem podemos, dar atenção a tudo. As coisas são relevantes ou insignificantes muitas vezes pelo valor que damos a elas. Há aqueles que buscam o brilho indiferente das estrelas, e por isso desprezam ou sequer notam o valor das coisas pequenas. Ou como certa vez afirmou o escritor Georges Bernanos, "as pequenas coisas parecem insignificantes, mas dão-nos a paz".
Ah! os seres humanos e sua inesgotável e incansável fome de ser feliz e de sempre querer mais. Alguém já nos referiu como formigas ególatras que vivem em um pontinho do sistema solar que é um pontinho da galáxia que, por sua vez, é um pontinho do universo. Sonhamos com a amplitude infinita dos espaços, desviando de ver que a importância da vida não está em significar e buscar as extremidades, mas sim em significar o valor das proximidades. Muitas são as vezes, diuturnas vezes, em que desimportamos as miudezas das nossas adjacências, talvez porque já estejam lá, ou talvez até porque já as possuimos e com elas convivemos. Desconhecemos a sabedoria contida nas palavras de Santo Agostinho ao dizer que a "felicidade é continuar a desejar aquilo que temos", e nos projetamos ansiosos e ávidos para imensidões além de nossas habituais periferias. Parece que é sempre lá, e nunca aqui, que encontraremos a saciez tranquila de nossas inquietações. Longe é um lugar que não existe - escreveu Richard Bach. Será que é somente no futuro que iremos tomar consciência de nossa felicidade passada? Ou será que só nos imaginamos felizes no depois? A felicidade há de ser apenas um outrora ou um futuramente? Há de estarmos como no poema Revelação, de Rui Espinheira Filho (Ai que somos felizes agora/mas não tanto/ como amanhã, no passado")? Por que não dar a devida atenção ao que nos satisfaz e nos faz sentirmos felizes no atualmente? Por que deixar passar nas entrelinhas do dia-a-dia o contentamento que amanhã destacarei em me dizer que "era feliz e não sabia"? O hoje, meus amigos, é impregnado de prazeres diminutos e minguados que distinguidos são então revelados.
Saborear as pequenas coisas - eis a lição que nos deixou Epicuro, filósofo grego do período helênico (século IV a.C.). Surpreender-se com o banal e o corriqueiro, ou como diz o poeta Ferreira Gullar preocupar-se mais quanto tempo dura seu gato do que quanto tempo dura uma estrela. Retirar espanto e maravilhamento ao se indagar pelo sentido das coisas, como nos versos de "Perplexidade" de Gullar:
Ah! os seres humanos e sua inesgotável e incansável fome de ser feliz e de sempre querer mais. Alguém já nos referiu como formigas ególatras que vivem em um pontinho do sistema solar que é um pontinho da galáxia que, por sua vez, é um pontinho do universo. Sonhamos com a amplitude infinita dos espaços, desviando de ver que a importância da vida não está em significar e buscar as extremidades, mas sim em significar o valor das proximidades. Muitas são as vezes, diuturnas vezes, em que desimportamos as miudezas das nossas adjacências, talvez porque já estejam lá, ou talvez até porque já as possuimos e com elas convivemos. Desconhecemos a sabedoria contida nas palavras de Santo Agostinho ao dizer que a "felicidade é continuar a desejar aquilo que temos", e nos projetamos ansiosos e ávidos para imensidões além de nossas habituais periferias. Parece que é sempre lá, e nunca aqui, que encontraremos a saciez tranquila de nossas inquietações. Longe é um lugar que não existe - escreveu Richard Bach. Será que é somente no futuro que iremos tomar consciência de nossa felicidade passada? Ou será que só nos imaginamos felizes no depois? A felicidade há de ser apenas um outrora ou um futuramente? Há de estarmos como no poema Revelação, de Rui Espinheira Filho (Ai que somos felizes agora/mas não tanto/ como amanhã, no passado")? Por que não dar a devida atenção ao que nos satisfaz e nos faz sentirmos felizes no atualmente? Por que deixar passar nas entrelinhas do dia-a-dia o contentamento que amanhã destacarei em me dizer que "era feliz e não sabia"? O hoje, meus amigos, é impregnado de prazeres diminutos e minguados que distinguidos são então revelados.
Saborear as pequenas coisas - eis a lição que nos deixou Epicuro, filósofo grego do período helênico (século IV a.C.). Surpreender-se com o banal e o corriqueiro, ou como diz o poeta Ferreira Gullar preocupar-se mais quanto tempo dura seu gato do que quanto tempo dura uma estrela. Retirar espanto e maravilhamento ao se indagar pelo sentido das coisas, como nos versos de "Perplexidade" de Gullar:
"a parte mais efêmera de mim
é esta consciência de que existo
e todo o existir consiste nisto
é estranho!
e mais estranho
ainda
me é sabê-lo
e saber
que esta consciência dura menos
que um fio de meu cabelo
e mais estranho ainda
que sabê-lo
é que
enquanto dura me é dado
o infinito universo constelado
de quatrilhões e quatrilhões de estrelas
sendo que umas poucas delas
posso vê-las
fulgindo no presente do passado".
"A vida é muito para ser insignificante", já dizia Charlhes Chaplin. Quanto mais tempo tivermos para viver este o é tempo de se viver. Simplifiquemos, pois, o viver, o existir, o durar passageiro da nossa breve permanência. Se certo está Comte-Sponville - para quem o que chamamos de felicidade é alegria, tranquilidade e contentamento - então, sejamos alegres, tranquilos e contentes - e isto está na simplicidade com que somos simples e lidamos com os acontecimentos simples da vida. Observemos, assim, mais a paisagem que nos cerca, convivendo melhor com o dia que nos incia o dia. E cantemos gracias a la vida, como dessa forma os deixo com a imortalizada canção de Violeta Parra na voz de Mercedes Sosa:
Joaquim Cesário de Mello
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