“Todas as partes de um
organismo humano, formam um sistema.
Portanto toda parte é começo e fim”
(Hipócrates)
A Teoria Geral dos sistemas
foi criada pelo biólogo austríaco Ludwig von Bertalanffy na primeira metade do
século XX. Segundo ele “
a família pode
ser considerada um sistema aberto, devido aos movimentos de seus membros dentro
e fora = de uma interação uns com os outros e com sistemas extra familiares
(meio ambiente e comunidade)”. Também para Bertalanffy o “
sistema é maior do que a soma de suas partes”.

Dentro da concepção sistêmica,
a família funciona como um circuito onde o comportamento de um dos seus membros
afeta os demais membros, e vice-versa. Neste sentido, podemos ver a família
como um todo complexo e integrado, no qual suas partes (membros) são
interdependentes, exercendo entre si influências recíprocas (retroalimentação).
A família enquanto família é
um sistema, mas enquanto parte da sociedade é um subsistema, isto é, faz parte
de um sistema que lhe é maior (sistema social).

Já os membros familiares, integrantes
do composto familiar, são subsistemas do sistema familiar. Assim sendo,
define-se
SUBSISTEMA como uma unidade menor dentro do sistema. Por exemplo:
díade pai-mãe, tríade pai-mãe-filho, irmãos (subsistema fraterno), avô-neto,
etc. Até o indivíduo é um subsistema. Observem que dentro de um sistema
familiar podem haver diversos subsistemas, entre eles o geracional, conjugal,
gênero, hierárquico... Um mesmo indivíduo pode pertencer a diferentes
subsistemas, em cada subsistema a que pertence tem papel, funcionalidade e
níveis de poder variados.

Um sistema familiar, por sua
vez, funciona e se sustenta em uma base estrutural. Um dos mais importantes
criadores da Terapia Familiar, o argentino Salvador Minuchin (considerado o
“Freud” da Terapia Familiar), desenvolveu a concepção estrutural/dinâmica da
família. Para poder se observar a estrutura familiar, dizia Minuchin se faz
necessário fazer um “mapa” da família. Sem esse mapa nos perderíamos dentro do
contexto e jogo interpessoal dinâmico familiar.
A estrutura familiar, pelo
acima exposto, é um conjunto invisível de fronteiras e exigências (regras) funcionais
que organizam as maneiras pelas quais os membros da família interagem, criando
padrões transicionais que regulam o comportamento dos membros da família. É
necessário, portanto, conhecer as regras familiares, suas aliança internas e as
fronteiras subsistêmicas e sistêmicas.
As fronteiras sistêmicas são
aquelas que separam um sistema familiar de outro sistema. Já as fronteiras
subsistêmicas são aquelas que separam um subsistema de outro subsistema.
As fronteiras podem ser
rígidas, nítidas ou difusas. As fronteiras rígidas impedem a proximidade da
intimidade, Já as nítidas permitem a troca de intimidades, enquanto que as
difusas misturam as intimidades a ponto de sacrificar intimidade individual.
Como dizia Minuchin, “as
fronteiras são o conjunto de regras que determinam quais serão os participantes
de cada subsistema da família, são as fronteiras que protegem a distinção do
sistema e garantem sua particularidade, possibilitando o funcionamento eficaz
do sistema familiar. “As fronteiras de um subsistema são as regras que definem
quem participa de cada subsistema e como participa. Para que o funcionamento
familiar seja adequado, estas fronteiras devem ser nítidas”.
São duas as principais funções
de um sistema familiar: propiciar o espaço de
COESÃO (pertença) e estimular
a
INDIVIDUAÇÃO
(autonomia de seus membro). Excesso de coesão compromete a individuação. Por
sua vez, o excesso de individuação prejudica a coesibilidade grupal. Famílias
muitos coesas são FAMÍLIAS AGLUTINADAS (SIMBIÓTICAS). Já famílias muito individualizadas
(cada um na sua) gera FAMÍLIAS CISMÁTICAS (FRAGMENTADAS).
Sobre o assunto ver:
Um olhar sobre a família na perspectiva sistêmica: o
processo de comunicação no sistema familiar
As origens do pensamento sistêmico: das partes para o todo
Fixação de fronteiras: uma técnica utilizada na terapia
familiar
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