Umberto Eco disse, em entrevista escrita, que agora não me recordo, que o Livro é umas das maiores invenções da humanidade, invenção do mesmo porte que a “roda” e o controle do “fogo”. Quando fez esse comentário ele destacou o livro não apenas se referindo as palavras escritas - o texto em si - , mas ao objeto como um todo: com capa, lombada e, por fim, as folhas de papel com a impressão das palavras. Mesmo que seja substituído em partes por outros formatos eletrônicos que acomode um texto num tablet ou num celular, ainda assim, o livro tem sua praticidade e sua durabilidade, e, principalmente, vida longa. Segundo Eco, nessa mesma entrevista, os formatos eletrônicos são mais instáveis que o livro comum. Já se criou arquivos em cartões de memória SD, em USB, em CD-ROM ou em disquete ( alguém lembra deste?). O livro de papel, desde que foi confeccionado no formato de impressão elaborado por Gutemberg, mantém sua forma.
As pessoas do futuro dirão provavelmente que livros ocupam ou ocupavam muito espaço, além de envolver preocupações com conservação, limpeza, ordenação, classificação, e ambientes apropriados - enfim, uma biblioteca. Essa forma de pensar, contudo, representa uma substancial mudança de valores - tão comum, mas sempre lamentado, no percurso da História. Quando criança cheguei a conhecer pessoas que compravam livros simplesmente para decorar a casa, dispostos em prateleiras próximo a televisão ou no quarto dos filhos. Os intelectuais exibidos diziam que eram os compradores de livro “por metro”: meio metro de capa azul, um metro de capa verde, meio metro de marrom com vermelho etc. Nesses tempos, era elegante ter livros em casa, embora que, para muitos, lê-los era desnecessário ou dispensável.
Se me perguntarem o que acho das tecnologias para edição de livros virtuais, ou eletrônicos, respondo: acho extraordinário. Acho que, como dizem, democratizam o acesso a leitura e a informação de uma maneira geral. Inclusive os tenho. Contudo, se me perguntarem o que acho dos ditos livros físicos, ou de papel, também teço muitos elogios e acrescento, não devem ser objetos decorativos, mas, de algum modo eles criam um ambiente favorável à leitura. Uma biblioteca, para um bom leitor, acho indispensável. penso que a mesma comparação pode ser estendida aos que gostam de filmes: “cinema ainda é o melhor lugar para se assistir aos filmes”.

Enfim, o futuro é imprevisível, mas lamentaria muito assistir a um mundo sem prateleiras de livros. Borges no seu conto A Biblioteca de Babel vai mais longe:

Marcos Creder
Nenhum comentário:
Postar um comentário