Não quero nada. Desisti de
tudo. Do amor, da dor, de viver. Não sou gente, não amo nem sou amada. Não
tenho amigos, nem tão pouco inimigos, não valho o esforço da ofensa. Sou nada,
sou escuridão. Sou vazio.
Importa
a vida? Não importa, pois nada desejo e nada quero. Ninguém me liga para saber
como estou. Só me procuram para passar receitas. Só dou porque nada tenho a
oferecer.
Sou
chata, sou feia, sou nada. Não sei ser feliz e, portanto, não posso fazer o
outro feliz. Não espere nada de mim, apenas que eu seja uma sanguessuga de sua
alegria, de seu espírito, de seu desejo.
Pode
perceber, eu aceito teus desejos, aceito teus pedidos, sigo teus quereres
porque não tenho os meus próprios.
Sou
fantasma. Assombro tua vida e me alimento de você. Mas quando a fome passa te
esqueço. Me torturo, quero mais mas não sei o que. Porque só quem sabe é você.
Não
sei viver. Não suporto frustração e o que é a vida senão frustração? Choro,
penso, penso repetidamente em qualquer coisa e em nada. Desisto, sigo. Levanto,
olho para o nada, nada quero, mas o nada me incomoda. Sou resto de gente que
vaga sem rumo. Vaga por falta de opção. Sou dessas pessoas que nunca chegará a
felicidade porque foge dela e não sabe reconhece-la. Vagueio entre os que
vivem, lamentando não saber viver. Algo tão fácil para uns, tão difícil para
mim. Meu castigo é viver.
Alice Lima
Psicóloga e psicoterapeuta
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