Considerando que não é toda semana que
temos trabalhos literários e artísticos de nossos colaboradores, leitores,
avulsos ou transeuntes a serem oferecidos para publicação aqui no blog, e com
vistas a preservar o caráter semanal desta coluna intitulada “CESTA DE VERSO
& PROSA”, na ausência de envios colocaremos frente aos nossos olhos obras
de autores outros, vivos ou não, consagrados ou não, conhecidos ou não.
Abaixo
dois dos seus poemas mais destacáveis, A Solidão e Sua Porta e Soneto
do Desmantelo Azul. Com vocês Carlos Pena Filho:
A SOLIDÃO E SUA PORTA
Quando mais nada resistir que valha
a pena de viver e a dor de amar
E quando nada mais interessar
(nem o torpor do sono que se espalha)
a pena de viver e a dor de amar
E quando nada mais interessar
(nem o torpor do sono que se espalha)
Quando pelo desuso da navalha
A barba livremente caminhar
e até Deus em silêncio se afastar
deixando-te sozinho na batalha
Arquitetar na sombra a despedida
Deste mundo que te foi contraditório
Lembra-te que afinal te resta a vida
Com tudo que é insolvente e provisório
e de que ainda tens uma saída
Entrar no acaso e amar o transitório.
Então pintei de azul os meus sapatos
por não poder de azul pintar as ruas,
depois, vesti meus gestos insensatos
e colori as minhas mãos e as tuas,
Para extinguir em nós o azul ausente
e aprisionar no azul as coisas gratas,
enfim, nós derramamos simplesmente
azul sobre os vestidos e as gravatas.
E afogados em nós, nem nos lembramos
que no excesso que havia em nosso espaço
pudesse haver de azul também cansaço.
E perdidos de azul nos contemplamos
e vimos que entre nós nascia um sul
vertiginosamente azul. Azul.
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