Por ocasião da minha primeira comunhão em 18/10/1964 |
O que tu olhas menino
no fundo das tuas breves inocências?
Ainda não te habitas
os machucados de tuas perdas
que vêm depois do findar da candura,
quando o mundo desencantado
haverá de tirar de ti
qualquer resíduo de eternidade.
O que tu olhas menino
nestes teus olhos de mares verdes
até então sequer um pouco desbotados?
Teus pecados infantes
e teus pequeninos segredos
ficarão imorredouramente trancafiados
no que resta do que ficou
deste agora tão longínquo retrato.
O que tu olhas menino?
Serão os sonhos que ficaram para trás
fixamente permanentes neste lugar de ontem
que para ti é o hoje
de onde partem teus anseios
posteriormente não consumados?
O que tu olhas menino?
Serão os sonhos que ficaram para trás
fixamente permanentes neste lugar de ontem
que para ti é o hoje
de onde partem teus anseios
posteriormente não consumados?
O que tu olhas menino?,
senão o filho que paristes com a vida
e que hoje te devolve o olhar
com saudade de quando carregava
um imenso céu por dentro de si.
Joaquim Cesário de Mello