domingo, 28 de fevereiro de 2016

AMY: DA INFÂNCIA À MORTE EM 123 MINUTOS

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Consumir é gastar, ingerir, comer, debilitar, exaurir, devorar, destroçar, destruir. Consumimos objetos, coisas, alimentos, bebidas, roupas, aparelhos e quinquilharias várias. Consumimos também pessoas. Foi, em boa parte e sentido, o que fizemos (e continuamos a fazer) com a cantora inglesa Amy Winehouse, nascida em 14 de setembro de 1983 e morta em 23 de julho de 2011. Possuidora de uma potente e rara voz de tipo contralto vocal, Amy Winehouse "explodiu" ao estrelato e ao sucesso em 2006 com o disco Back to Black. Seu êxito musical foi igualmente curtido e acompanhado pelo público com a sua "carreira" desenfreada e autodestrutiva de álcool e drogas. Comparada às clássicas divas do jazz e do soul, como Ella Fitzgerald, Billie Holiday e Sarah Vaughan, Amy com sua voz grave e vigorosa teve uma vida curta e intensa, talvez intensa até demais.
Resultado de imagem para amy documentarioPara muitos o modo de vida e o comportamento de Awy Winwhouse é compatível com o Transtorno de Personalidade Borderline. Psiquiatria ou psiquiatrismos à parte, a vida de Winehouse é uma espiral descendente e destrutiva que mais parece um filme ao estilo Garota Interrompida, Réquiem Para Um Sonho ou Paixão Sem Limites. Pois é, virou um filme, ou melhor um documentário, dirigido por Asif Kapadia, cineasta britânico descendente de indianos. Seu documentário, Amy, concorre hoje ao Oscar de melhor documentário. Não é sobre transtorno de personalidade borderline que iremos tratar aqui, afinal Amy Winehouse é para mim uma imagem midiática, mas sim sobre o filme em si e suas mostrações e insinuações.
Resultado de imagem para amy documentarioDe antemão o filme Amy nos leva a pensar: pode um pai destruir psicologicamente uma filha? Asif Kapadia nos leva a ver que sim. O pai de Amy Winehouse é descortinado como um pai ausente desde a infância da filha. Verdade ou não (o mesmo contesta) o pai de Amy é exposto no documentário como faltoso, omisso, retirado, oportunista e mercenário. Aliás, toda a família mais próxima em  geral, exceto a avó. O filme não opina com palavras, porém com imagens. São as imagens que falam por si mesmas (contudo considere que são imagens editadas). A má reputação do pai de Amy antecede à produção do filme, mas o documentário é fatal para a construção de sua imagem como "vilão". Seja como for, um pai, assim como uma mãe, podem deturpar a construção da autoimagem de seus filhos sim.
Resultado de imagem para amy documentarioAmy começa com filmes caseiros quando ela tinha 14 anos. Desde cedo vamos vendo que mesmo brincando Amy Winehouse já dava mostras do poder de sua robusta voz. Através de depoimentos,  fotos, videos domésticos e pessoais, assim como com filmagens de bastidores e shows, uma vida vai nos sendo exposta e acompanhamos como voyeurs uma espécie de crônica de uma morte anunciada que vai daquela adolescente rechonchuda à mulher magerrimamente tatuada e chapada. Celebridade ao mesmo tempo cultuada e vampirizada. Todos, ao menos os que acompanharam midiaticamente a cantora, devoramo-la avidamente.
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Há um momento emblemático no documentário: Amy, aos 20 anos aproximadamente, diz claramente que "não quero ser famosa. Tenho certeza que não aguentaria a pressão". Dito e feito. Contudo, não creio que a fama por si mesmo a destruiu. Ela própria, em sua possível fragilidade egóica e vulnerabilidade afetiva, parece ter contribuído para tal. Uma combinação por demais fatal: ego frágil + fama. E nós, aqui do outro lado do balcão, concluímos por canibalizá-la.
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Será que ainda estamos buscando "pão e circo"? Que celebramos, como os antigos romanos celebravam seus gladiadores, saudando àqueles que vão morrer? Há, no fundo obscuro da alma humana, um gosto mórbido ou ancestral pelo sangue alheio? Parece que aqui amor e ódio andam bem juntinhos, né? Ou será que por detrás das nossas costelas invejamos a quem idolatramos? Ou será que precisamos consumir até a exaustão e extinção nossos heróis e ícones como uma forma de simbolicamente reciclarmos os mesmos? A vampirização do ídolo pelo fã é algo que merece estudos e aprofundamentos. Alguém até já chamou isso de iconofagia.
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O documentário sob comento é contundentemente claro: Awy não foi nem de perto uma santa nem muito menos um anjo decaído. Ela tinha lá os seus demônios pessoais que tóxicos e bulimicamente lhe mataram. Assim como nós temos os nossos que projetivamente gozamos vê-los agonizar no morrer dos outros. Como dizia o filósofo e escritor francês Jean Paul Sartre "o inferno são os outros".
Pranteamos a morte de Amy Winehouse. Festejamos porque estamos vivos.  Cordeiro de Deus que tirais o pecado do mundo, tende piedade de nós.

Joaquim Cesário de Mello

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

ADMIRÁVEL MUNDO VELHO


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O Literalpédia (enciclopédia do blog LiteralMente) em recente descoberta arqueológica encontrou vestígios de uma antiga e quase extinta civilização chamada Senescência. Tal importante descoberta revelou ainda a existência de remanescentes daquela antiga cultura em nosso meio, disfarçados de pessoas contemporâneas, com seus ipod e iphone, Gps, smartphone, televisão slim, relógios digitais e cacarecos tecnológicos outros; além de frequentarem internet, redes socias, facebook, twitter, orkut, abrirem blogs, vestirem-se com roupas da Diesel, Fossil, Tommy Hilfiger, usarem brincos e tatuarem o corpo com nomes, florzinhas e dragões. O que restou da Senescência, os senescentes - embora tinjam seus cabelos de ruivo, preto, louro ou acaju - representa uma ameaça aos tempos modernos, haja vista serem uma constante denúncia sobre a peremptoriedade das coisas e a terminância da vida. O governo federal preocupado com isto, através do seu Ministério da Saúde adverte: "a Senescência é prejudicial à saúde".
Sendo assim, o Literalpédia expõe ao público em geral um pequeno pedaço do seu acervo arqueológico encontrado para que possa contribuir aos cidadãos de bem indentificarem os senescentes presentes entre nós. Caso você mostre alguns dos artefatos primitivos abaixo à alguém e ver nele seus olhos marejarem, pimba: você está frente a um senescente. Favor, portanto, avisar imediatamente às autoridades sobre o mesmo, ligando para o número: 0800.800.0800.


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